Por Altamiro Borges
O site Congresso em Foco informa que “dezenas de entidades LGBTQIA+ e outros grupos de direitos humanos anunciaram, neste sábado (17), que vão processar na Justiça o pastor José Olímpio, da Assembleia de Deus de Alagoas, que declarou orar pela morte do ator Paulo Gustavo, internado há um mês com Covid-19, em estado grave”. O artista global segue na UTI e corre sérios riscos.
O mercador da fé é mais um oportunista que tenta pegar carona na onda de ódio obscurantista promovida por milícias fascistas-bolsonaristas. Em suas redes sociais, o falso pastor esbravejou: “Esse é o ator Paulo Gustavo que alguns estão pedindo oração e reza. E você vai orar ou rezar? Eu oro para que o dono dele o leve para junto de si”. Haja preconceito e pulsão pela morte!
Diante da repercussão negativa, José Olímpio deletou a postagem. Mas ela foi gravada e servirá para a abertura do processo. “É urgente que crimes como estes, motivados por homofobia, sejam enquadrados na tipificação da LGBTfobia , na lei de combate ao racismo de número 7.716/2018, e que punições mais rigorosas e severas sejam tomadas”, afirma a nota das entidades.
Segundo o site, o repúdio ao pastor homofóbico, apologista da morte, “também tem apoio de lideranças evangélicas”. O pedido de abertura de processo foi encaminhado ao procurador-geral da Justiça de Alagoas, Márcio Roberto Tenório de Albuquerque. “Queremos vida, felicidade e muita cidadania e direitos humanos. Ninguém merece a morte”, disse ao Congresso em Foco o presidente da Aliança LGBTI+, Toni Reis.
Confira abaixo a nota assinada por dezenas de entidades e defensores de direitos humanos:
Carta de repúdio e revolta às agressões proferidas pelo líder religioso da Assembleia de Deus de Alagoas, Pr. José Olímpio
Instituições LGBTQIA+ e outras defensoras de direitos humanos de todo o país vem a público manifestar seu repúdio às agressões motivada por homofobia, escarrada pelo líder religioso da Assembleia de Deus em Alagoas – pastor José Olímpio, na última quinta-feira, 15/04, na página oficial do Instagram do pastor.
O ato criminoso de violência, praticado por este líder religioso, contra o ator Paulo Gustavo, que se encontra internado em virtude de problemas de saúde causadas pelo Covid-19, problema sério de saúde pública e sanitária mundial, fere severamente não só Paulo, mas todas as vítimas da doença, a comunidade LGBTQIA+, classe artística e a todos os cidadãos de bem que tenham bom senso e sintam empatia por seu próximo.
A intolerância e o conservadorismo, observados não apenas em crimes de ódio como este, mas também em discursos e práticas preconceituosas, presentes em diversas instâncias do cotidiano brasileiro atual, causam sérios problemas à ordem pública democrática deste país e entristece-nos saber que este não é um caso isolado, mas apenas um dos tantos casos de crimes motivados por LGBTfobia no Brasil, como foi o atentado de 15 de abril de 2021, a honra de Paulo Gustavo e todos os cidadãos decentes e de caráter libido deste país.
É urgente que crimes como estes, motivados por homofobia, sejam enquadrados da tipificação da LGBTfobia , na lei de combate ao racismo de n. 7.716/2018, e que punições mais rigorosas e severas sejam tomadas contra condutas homofóbicas e atos discriminatórios como o em questão.
Fora o tratamento jurídico específico para tais crimes, reconhecendo sua especificidade, compreendemos ainda que apenas através da educação é que poderemos construir um país mais tolerante à diversidade sexual, de gênero, religiosa, política, étnica, social e cultural, também de pensamento político e religioso mas não de intolerância criminosa e libertinagem.
Por fim, manifestamos nosso apoio e solidariedade ao ator Paulo Gustavo e a todos que se sentiram feridos e magoados com a fala criminosa do pastor, ao mesmo tempo comunicamos oficialmente que medidas judiciais serão tomadas contra o pastor José Olímpio – líder religioso da Assembleia de Deus em Alagoas, ao mesmo tempo também nos solidariezamos com todos os religiosos que se sentiram agredidos e triste por este ato criminoso e intolerante.