O Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte recebe informações diariamente de usuários e trabalhadores do SUSBH. De posse dessas informações vem à público informar a toda a população de Belo Horizonte o que está acontecendo no sistema de saúde público da Capital. Nesta quinta-feira, 25, a situação é pior nas UPAs e nos Centros de Saúde, que atendem usuários de porta aberta.
Desde o último sábado, 20 de março, há fila de espera se formando para leitos de UTI em BH. Ontem, quarta-feira, 24, 190 pessoas aguardavam uma vaga de CTI em BH (no total, eram 471 leitos disponíveis, com 97,7% de ocupação – apenas 1 leito vago). Na última semana, o SAMU bateu recorde histórico de atendimentos (1054 em 7 dias – o recorde anterior era 740 atendimentos/sem, em julho de 2020).
Na atual situação as UPAs viraram CTIs improvisados e precários; salas de cirurgia, banheiros tornaram-se salas de emergência lotadas e improvisadas para atender a uma demanda crescente. Neste cenário de guerra trabalhadores das UPAs têm enviado depoimentos desesperados: “não temos mais pontos de dois disponíveis para oxigênio”, “não tem respirador agora e cinco pacientes evoluíram para entubação”, “apocalipse”, “estou desesperada”, “choramos à tarde inteira depois que a paciente morreu”, “vai morrer gente sem a gente ver porque não tem gente suficiente”, “pelo amor de Deus nos ajude”, “tive que atender no chão porque não tinha maca e cadeira”, “tenho 30 anos, nunca vi isso que está acontecendo”, “nunca mais vou esquecer disso!”, “estou traumatizada”.
Apesar do Índice de Transmissão (RT) ter reduzido de 1,28 para 1,16, ele ainda mostra que a doença ainda está em expansão – houve apenas uma diminuição na velocidade de expansão da doença. Portanto, há possibilidade real de que demanda por CTIs continue aumentando.
Diante dos fatos relatados não há dúvidas de que o SUSBH colapsou e que não há possibilidade de leitos de CTI suficientes para todos.
Infelizmente, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), que fez uma gestão correta da pandemia até o momento, afirmando se tratar de uma guerra, ainda não veio a público se posicionar sobre os últimos acontecimentos. De fato se trata de uma guerra e o nosso inimigo, o vírus, está avançando sobre a população e é preciso urgentemente tomar decisões amargas diante da devastação.
Neste cenário de guerra, o CMSBH pede de forma urgente:
1) Lockdown em BH;
2) Reabertura do Hospital de Campanha;
3) Posicionamento público do prefeito, Alexandre Kalil sobre o agravamento da situação;
4) Divulgação transparente da fila diária de CTIs para leitos públicos e privados.
Fonte: Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte (CMS-BH)
Foto: Alex de Jesus/O Tempo