Por Francisca Rocha
O governo do estado de São Paulo tenta de todas as formas retomar as aulas presenciais sem apresentar nenhuma solução sobre a questão da disseminação da Covid. Marcou o início das aulas exclusivamente presenciais para 1º de fevereiro mesmo em meio à segunda onda da pandemia do coronavírus infectando e matando milhares de pessoas. O governador que extinguiu o transporte gratuito de idosos entre 60 e 65 anos, agora quer obrigar as famílias a exporem seus filhos sem oferecer todas as condições necessárias para impedir a contaminação.
Com a volta às aulas presenciais seriam mais de 13 milhões de pessoas nas ruas, utilizando o caótico transporte público e dessa forma expondo muitas outras pessoas a riscos de contágio. A segunda onda veio sem que a primeira tivesse sido totalmente vencida e são necessários os mesmos cuidados do início dessa pandemia até termos uma vacina eficaz para todas as pessoas. No país mais de 200 mil pessoas já morreram de Covid e o número de infectados aumente a assustadoramente todos os dias.
Em São Paulo a média diária de contágio já está acima de 140 por dia, o número de infectados já ultrapassa 1,5 milhão e os óbitos estão próximos de 50 mil. Mesmo assim, o governador João Doria, que trava briga política com o presidente incapaz Jair Bolsonaro, quer obrigar as pessoas a saírem para as ruas. Bolsonaro não faz nada para conter a pandemia, nem vacina ele tratou de comprar para começarmos a vacinação o quanto antes. Além disso, cortou o auxílio emergencial e deixa milhões de trabalhadoras e trabalhadores sem ter como ganhar o pão de cada dia. Mais de 40 milhões de brasileiros já estão na pobreza absoluta e o desemprego só cresce. 2021 mal começou e os problemas se avolumam pela falta de coordenação no combate à pandemia.
Para piorar, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo abriu inscrições para a contratação de professores temporários, exclusivamente para aulas presenciais. Se isso já não bastasse, o estado exige que os profissionais assumam os riscos de contágio pela Covid. Por isso, a Apeoesp entrou na Justiça para barrar essas contratações com a restrição de serem somente para aulas presenciais e sem condições sanitárias adequadas.
O governo de São Paulo trabalha para privatizar a educação pública privilegiando uma pequena parcela da sociedade. A maioria ficará sem condições de avançar nos estudos e com isso melhorar de vida. Esse é o sonho da maioria da classe trabalhadora. Além disso, os professores e demais trabalhadores da educação não estão na primeira fase do programa de vacinação prometido por Doria. E ainda o governador tem o desplante de exigir que os professores se responsabilizem pelo risco de contraírem a Covid. Isso é um desrespeito aos profissionais, aos estudantes, aos familiares e à vida. O secretário estadual de Educação, Rossieli Soares disse que o retorno às aulas será obrigatório, passando por cima do Conselho Estadual de Educação que discutirá o tema na quarta-feira (13).
A verdade é que as escolas paulistas estão abandonadas pelo governo do estado mais rico da nação. Não há infraestrutura adequada para um bom desempenho do ensino e o governo não fez nada para alterar essa realidade durante a pandemia, imagine retornar às aulas presenciais nessas condições precárias.
Retorno às aulas presenciais somente com vacina e pandemia controlada. O governo deve investir para as aulas serem remotas para todos os estudantes, com apoio aos professores e material adequado para isso atingir a todos. Queremos mais investimentos na educação pública e com isso ajudarmos o país siar da crise. A educação não é a salvadora da pátria, mas sem ela não vamos a lugar nenhum.
Francisca Rocha é secretária de Assuntos Educacionais e Culturais do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), secretária de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação (CNTE) e dirigente da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil, seção São Paulo (CTB-SP).