Por Altamiro Borges
A coluna de Guilherme Amado na revista Época informa que “o auditor-fiscal Christiano Paes Leme Botelho, exonerado nesta sexta-feira (4) do cargo de chefe do Escritório da Corregedoria da Receita Federal no Rio de Janeiro, foi só um dentre alguns nomes que a defesa de Flávio Bolsonaro quer que seja substituído pelo presidente. Os advogados também consideram que o secretário da Receita, José Barroso Tostes Neto, deveria ser afastado por Bolsonaro”.
A notinha não avança o sinal, mas é possível especular sobre as razões do ataque à Receita. A mais importante é a tentativa de inviabilizar as apurações de enriquecimento ilícito, desvio de dinheiro e evasão de divisa – intimidando os responsáveis pelas investigações. A segunda pode ser por pura vingança. Afinal, foi do órgão que partiram as denúncias contra o ex-deputado Flávio Bolsonaro, acusado de comandar o esquema de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Os dados fiscais do filhote 01 do presidente
Conforme revelou a Folha, Christiano Botelho já estava há muito tempo no alvo da defesa de Flávio Rachadinha – como também é chamado o filhote 01 do ‘capetão’. “Os advogados não acusavam o auditor pelo acesso aos dados do senador. Mas apontaram ao presidente Bolsonaro, ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e à Procuradoria-Geral da República (PGR) casos semelhantes que supostamente envolveram Botelho para reforçar a tese de existência da prática”.
O auditor-fiscal chefiava o Escritório da Corregedoria da Receita Federal (Escor07) há 13 anos. “Era apontado como um nome influente no fisco que conseguiu permanecer no cargo em diferentes gestões”. A defesa acusa o órgão de ter acessado ilegalmente os dados fiscais de Flávio Bolsonaro antes do início das investigações sobre as “rachadinhas” em seu antigo gabinete na Alerj.
“No Diário Oficial de quinta-feira (3), a exoneração aparece como ‘a pedido’. Mas a Folha apurou que a saída se deu em razão da pressão após as críticas dos advogados de Flávio. A movimentação da defesa de Flávio ocorreu em agosto e tem o objetivo de anular a investigação sobre as ‘rachadinhas’. O senador foi denunciado sob acusação de liderar uma organização criminosa que recolhia parte dos salários de alguns de seu ex-assessores na Assembleia”, descreve o jornal.
Major Olímpio enfrenta os bolsonaristas
A investida contra o ex-chefe da Escor07 e até contra o superintendente da Receita confirma que o caso das “rachadinhas” apavora o clã Bolsonaro. Atualmente, este parece ser o elo mais débil da famiglia. Um ex-amigão do presidente, senador Major Olímpio (PSL-SP), sabe bem disso e resolveu cutucar a ferida. No fim de novembro, num evento de campanha em Taubaté, no interior paulista, ele foi acossado por apoiadores fanáticos do presidente e xingado de “traíra”. De pronto, disparou: “ladrões de rachadinha”. Os bolsonaristas ficaram acuados e foram desmoralizados.
Na sequência, o senador – que é todo metido à valentão, mas até hoje não explicou porque pegou carona na onda de Jair Bolsonaro – ainda argumentou: “O que restou de bolsonaristas hoje são radicais que tentam se impor pela intimidação. Comigo, não. Ladrão é ladrão. Ladrão de direita é igual ladrão de esquerda. Simplesmente ladrão. Em Taubaté, como em qualquer cidade, a claque contratada bolsonarista hoje cabe num Mini Cooper”.