Por Francisca Rocha
Como um país pode evoluir sem respeitar as professoras e professores, sem valorizar a educação como uma área estratégica para o desenvolvimento autônomo e com justiça social? Todos os países que se desenvolveram investiram maciçamente na educação e nos profissionais desse setor vital para a possibilidade de melhoria de vida das pessoas.
Nesta quinta-feira – 15 de outubro – Dia da Professora e do Professor, é essencial uma profunda reflexão sobre o país que queremos e podemos ser. Essa reflexão engloba tudo o que somos e aquilo que almejamos para nossos filhos e netos.
Todo mundo sabe da importância da professora e do professor para que as crianças aprendam a viver e sonhar com outro mundo possível. E isso só pode acontecer se a escola for um local agradável, do encontro, da amizade, da liberdade e do ensinamento sobre o que importa na vida.
E neste momento em que a pandemia do coronavírus nos impõem necessárias e urgentes mudanças de hábitos e de como encarar tudo o que temos pela frente, mais do que nunca, a vida se impõe como um valor acima de tudo aquilo defendido pelas vozes da morte, em nome da economia, contra a natureza, contra a humanidade.
A pandemia agravou a crise que já vinha se impondo no país pelas políticas erradas desse governo de cunho neoliberal. Políticas voltadas para os interesses de poucos e ricos, contrária aos interesses do país e da população trabalhadora, que inclusive vê seus empregos irem embora.
Nesse contexto, as professoras e professores são a ponta do iceberg da resistência aos desmandos, à entrega das riquezas nacionais, à destruição da natureza, dos direitos humanos e da vida, principalmente daqueles que vivem do suor do seu trabalho.
Querem nos destruir, acabar com a educação pública, deixar as filhas e filhos da classe trabalhadora sem escola e, portanto, sem escolha de futuro. Estão destruindo nossas escolas, nossos direitos trabalhistas, diminuindo nossos salários, acabando com a possibilidade de uma aposentadoria decente e tentando tirar nossa dignidade.
Mas somos madeira dura de se cortar. Somos resistência. Somos 2,5 milhões espalhadas e espalhados por este país afora, levando conhecimento, esperança e a vontade de ver este país crescer e cada um se eleger o dono de seu destino, de sua vida e todos juntos construindo o novo.
Sabemos que o futuro depende de nós. Da nossa perseverança em enfrentar baixos salários, condições precárias de trabalho, desmotivação, cortes de verbas onde o país mais deveria investir, mas insistimos, resistimos e lutamos para que as suas filhas e filhos tenham como o que sonhar e oportunidades de uma vida digna.
Isso tudo porque somos professoras e professores. Não desistimos nunca. Insistimos até que entendam a necessidade de que estudar e aprimorar os conhecimentos são fundamentais para não sermos massa de manobra nas mãos de governantes com o propósito de travar nossos sonhos e de melhoria de vida.
Formamos o exército do livro contra as armas, do saber contra o preconceito e a ignorância, de uma vida digna para todas as pessoas, em defesa da infância e da juventude, dos que mais necessitam dos estudos e têm esse direito negado por defensores do não saber. Lutamos pela vida conta os defensores da morte.
Somos as professoras e professores que dispõem recursos dos próprios bolsos para que suas filhas e filhos tenham a chance de ter aulas condizentes com as necessidades da fome de saber que as crianças e jovens têm. Somos professoras e professores e estamos com você nessa luta para mudar o país e valorizar a educação como ela merece.
Sem professoras e professores não tem escola, não tem difusão do conhecimento, não tem desenvolvimento. Trabalhamos com muito amor à nossa profissão.
Nos dedicamos de corpo e alma, superamos todas as adversidades, todos os ataques que sofremos com a certeza de que temos a possibilidade de colaborar com a mudança e com a construção de um mundo onde a vida, o saber, a cultura e o amor prevaleçam, afinal somos professoras e professores.
Francisca Rocha é secretária de Assuntos Educacionais e Culturais do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), secretária de Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação (CNTE) e dirigente da Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil, seção São Paulo (CTB-SP).