As manifestações unitárias contra os juros altos ocorridas nos dias 22 e 23 têm um grande significado. A bandeira da unidade mais uma vez foi ressaltada pelas centrais como fundamental. Para a CTB, esta unidade na luta estratégica contra os juros altos e a favor do desenvolvimento com valorização do trabalho é mais um passo importante no caminho do fortalecimento das lutas da classe trabalhadora.
Nenhuma central sozinha tem força suficiente para conduzir com êxito as lutas em torno das nossas bandeiras prioritárias. A experiência mostra que quando prevalece o espírito unitário as coisas mudam de figura. As marchas em Brasília pela valorização do salário mínimo e a campanha unificada pela redução da jornada de trabalho são exemplos bem recentes da verdade contida no ditado popular de que a união faz a força.
A unidade é o caminho para superar as fragilidades e enfrentar com mais energia os desafios do momento. Neste sentido, é indispensável fortalecer o fórum das centrais, que pode dar forma definida ao anseio de unidade duradoura que vem ganhando corpo no movimento sindical. A distância política entre as centrais está se reduzido e já é possível dizer que atingimos um patamar irreversível rumo a um movimento sindical unido em torno das questões mais fundamentais da luta dos trabalhadores.
Para a CTB, esta unidade cumpre uma exigência da nova realidade da organização sindical brasileira. Com o reconhecimento das centrais sindicais, surge um novo cenário para a luta da classe trabalhadora. O sindicalismo vive ainda uma crise decorrente da derrota do socialismo, da reestruturação produtiva e da ofensiva neoliberal, que influenciou a subjetividade da classe trabalhadora, mas a conquista de mais espaços democráticos para a atuação do movimento sindical já apresenta resultados muito positivos.
Proposta concreta
A organização dos trabalhadores vem ocupando um lugar central no desenvolvimento de iniciativas que visam a superação da dispersão e na luta para abrir clareiras no rumo da completa superação do neoliberalismo. E esta unidade do conjunto do movimento sindical brasileiro é indispensável para fazer avançar um novo projeto de desenvolvimento nacional, fundado na soberania e na valorização do trabalho.
Por isto, a unidade é um objetivo e um ideal do qual não devemos abrir mão. Pensamos que é possível alcançá-la e defendemos uma proposta concreta neste sentido, que é a realização de uma nova Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat). A Conclat seria um fórum importante para o debate de temas fundamentais da luta dos trabalhadores e eleger uma mesa coordenadora para encaminhar lutas unitárias em torno de bandeiras comuns — como um projeto de desenvolvimento, a redução de jornada, o salário mínimo, a defesa dos direitos, entre outras.
Wagner Gomes é presidente nacional da CTB