Por Railídia Carvalho
Trabalhadores e trabalhadoras bancários de Sergipe e Bahia não aceitam o reajuste zero e a retirada de direitos que fazem parte da proposta dos Bancos para a categoria. Em estado de greve, os bancários realizam assembleias nesta quinta-feira (27) para decidir os próximos passos da mobilização. As plenárias acontecem em todo país em uma semana decisiva. A atual Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) perde a validade no dia 1º de setembro.
Augusto Vasconcelos, presidente licenciado do Sindicato dos Bancários da Bahia, acredita que a pressão da categoria vai resultar em uma proposta melhor por parte dos bancos. “A mobilização tem demonstrado unidade e participação. É possível arrancar uma proposta melhor que preserve os nossos direitos e que evite a destruição dos bancos públicos”, afirmou.
Os bancários protagonizaram grandes assembleias virtuais por todo o país e foi na Bahia que aconteceu a maior assembleia proporcional. “Em poucos minutos a sala virtual para mil pessoas ficou lotada. Aprovamos o estado de greve, que é um instrumento de luta. O objetivo não é a greve mas estamos sendo levados a elas por conta da posição dos bancos privados e do governo”, ressaltou Augusto. A negociação tem sido realizada com a Fenaban e com os bancos públicos.
Até a terça-feira (25) a proposta dos bancos era de reajuste zero por dois anos e a manutenção da proposta de rebaixamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), entre outros ataques aos direitos. “O segmento que mais lucra em todos os tempos quer tirar direitos. Vale lembrar que, mesmo na pandemia, este setor manteve sua lucratividade em um patamar razoável”, argumentou Hermelino Neto, presidente da Federação dos Bancários de Sergipe e Bahia.
Sem a ultratividade, que garante os direitos da convenção até a assinatura da próxima, os bancários correm o risco de perder direitos históricos. A proposta dos bancos foi um reajuste zero e um abono. “Um abono para compensar com um valor que não cobre nem a metade da inflação”, criticou Hermelino. “Esperamos que haja sensibilidade por parte dos bancos já que esta é uma semana decisiva para os trabalhadores e trabalhadoras. Os bancos podem chegar a uma proposta melhor para apresentar à categoria”.
Augusto lembrou que a mesma intransigência da Fenaban vem sendo enfrentada com o governo federal na negociação com os trabalhadores e trabalhadoras da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia. “O governo quer desmontar os bancos públicos e derrotar os trabalhadores. Talvez esta seja a negociação mais difícil dos últimos 20 anos em função da conjuntura”.