Por Marcos Aurélio Ruy
Vale a pena assistir as obras da 9ª Mostra Ecofalante de Cinema (tudo de graça), que vai até o dia 20 de setembro, portanto ainda há bastante tempo para acompanhar a programação de 98 filmes entre longas e curtas e oito debates. Mostra composta por maioria de documentários versando sobre as mazelas do atual estágio do capitalismo na destruição de sonhos, de vidas e do planeta.
A produção sueca “Push: Ordem de Despejo” (2019), de Fredrik Gertten, mostra o trabalho de Leilani Farah, relatora especial da Organização das Nações Unidas sobre o Direito à Moradia, para denunciar a ação de grandes grupos econômicos na aquisição de habitações pelo mundo afora, expulsando as pessoas para lugares mais distantes de seus trabalhos.
Assistir a esse documentário possibilita que se entenda o que está por trás da perversidade da desocupação do acampamento Quilombo Campo Grande, em Minas Gerais. Tudo por mais concentração de riquezas. Por isso, no final um destaque para o curta de Jorge Furtado “Ilha das Flores”.
Push possibilita entender também a necessidade de governantes subalternos aos interesses do imperialismo. Lembrando que a crise de 2008 começou nos Estados Unidos no campo imobiliário.
Outro filme muito interessante é “Ladrões do Tempo” (2018), de Cosima Dannoritzer (assista aqui entrevista com a cineasta). Esse documentário mostra como os “donos do mundo” capitalista roubam o tempo de quem vive do trabalho e mostra como se trabalha de graça para essa gente quando se realiza alguma transação financeira pelo celular, por exemplo, o que ainda tira emprego de muita gente.
Apresenta a dificuldade que um CEO de uma empresa japonesa teve para diminuir a jornada de trabalho porque as trabalhadoras e trabalhadores estavam adoecendo. O trabalho acima de tudo já estava introjetado, mas que a mudança trouxe qualidade de vida a esses trabalhadores e melhorou a produção.
Filme bastante importante para o movimento sindical radicalizar na bandeira de redução e jornada de trabalho como melhoria de vida para quem vive do trabalho e precisa ter tempo para si e para a família.
Existem muitas outras obras (que ainda não assisti) como o francês “Os Senhores da Água” (2019), de Jérôme Fritel. Tema atualíssimo, principalmente para países como o Brasil de muitas águas e que o atual desgoverno pretende privatizar a água e o saneamento básico.
Ilha das Flores
Assista
Quem já viu deve rever, quem ainda não assistiu não perca a chance de ver o documentário do diretor Jorge Furtado, “Ilha das Flores” (1989), que não faz parte da Mostra Ecofalante. Infelizmente ainda atualíssimo. Em 13 minutos, Furtado consegue mostrar a perversidade do sistema capitalista sobre as vidas humanas.
Num bairro de Porto Alegre, onde se localiza o depósito de lixo Ilha das Flores e o proprietário do local distribui parte do lixo para a sua criação de porcos e depois que esses animais não querem mais, abre o portão para humos pegarem alimentos. Documentário imperdível de tão humano em sua maneira de dizer que somos todos humanos, mas uns são mais para o sistema criador de desigualdades.