Por Railídia Carvalho
Nesta terça-feira (12) o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas (Sinteam), filiado a Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), protestou contra a contaminação por Covid-19 de uma professora da escola Escola Estadual Maria do Céu Vaz D’ Oliveira. Por determinação do governo do Estado, as aulas retornaram nesta segunda (10) mas os trabalhadores voltaram ao trabalho desde o dia 6 de agosto. Mais quatro escolas podem ter outros casos positivos de coronavírus.
O teste da professora saiu na segunda-feira e levou a escola a ser fechada por um dia. Após a sanitização, a escola voltou às atividades nesta quarta. O Sinteam entrou com ação no Ministério Público do Trabalho para que a escola cumpra com o protocolo de afastamento por 14 dias.
“Esse é um dos piores momentos enfrentados pelos trabalhadores e trabalhadoras da educação no Amazonas. Além da falta de segurança e o temor em relação à própria vida e dos alunos, tem ainda o medo de contaminar os familiares”, explicou Ana Cristina, presidenta do Sinteam. Após o caso positivo de Covid, trabalhadores tem se recusado a retomar as aulas. Segundo a dirigente, o Estado ameaça lançar falta contra esses trabalhadores e trabalhadoras, que têm sido substituídos por técnicos.
Mais de 107 mil pessoas foram infectadas por coronavírus no Amazonas, que acumula 3 mil e 405 mortes, de acordo com dados do Consórcio de veículos de comunicação. Ana Cristina reafirmou que a volta às aulas pode gerar uma segunda onda de contaminações.
“Recorremos ao Ministério Público para falar de uma questão de saúde pública. Até agora voltaram às aulas 17 mil professores e 100 mil alunos. Se voltarem todos os segmentos são 470 mil alunos incluindo todo o estado”. Atualmente, o Amazonas tem 30 mil trabalhadores e trabalhadoras da educação.
Na opinião da Secretária Nacional de Políticas Educacionais da CTB e vice coordenadora da APLB-Sindicato, Marilene Betros, não dá pra decidir a volta às aulas sem um diálogo com a comunidade. “A nossa orientação é seguir a recomendação da Fiocruz, da Organização Mundial da Saúde de que é preciso que haja queda na quantidade de infectados e de mortes, e não se orientar apenas porque baixou o numero de ocupação de leitos. Esse retorno às aulas não se justifica”.
Segundo Marilene, não existem condições seguras para um retorno às aulas. “Quem vai controlar estudantes aglomerados na saída da escola?”. Ela lembrou ainda que os professores receberam uma máscara por profissional e que não atendem as especificações das autoridades de saúde. “É o mesmo que botar o povo na fila do abatedouro”, indignou-se Marilene.
Ana Cristina reiterou que a pandemia agravou as condições de trabalho dos profissionais da educação. “Os trabalhadores e trabalhadoras da educação cumpriram a pandemia em casa porém trabalhando. Nunca deixaram de trabalhar. Atenderam pais, alunos em aulas remotas e em horários diversos indo além da carga horária normal. Ao mesmo tempo que auxiliaram os próprios filhos também em aulas remotas. Muitos desses trabalhadores também tem algum membro da família que é idoso e está sob seus cuidados”.
Marilene afirmou que a CTB, junto com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), atua para garantir o direito à vida destes trabalhadores e trabalhadoras e assegurar os direitos conquistados pela categoria.
“Se não querem dialogar nós vamos buscar a melhor forma para que os direitos estejam garantidos. Os inimigos não são os professores. A escola é um vetor forte de contaminação e os professores e professoras não querem voltar porque não se sentem seguros. Queremos trabalhar mas a situação não nos permite”, argumentou Marilene.
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