O Metrô de São Paulo só voltou a circular normalmente por volta das 9 horas desta terça-feira (28). A categoria tinha deflagrado greve na noite anterior, mas já quase pela madrugada do dia seguinte a direção do Metrô recuou da intenção de reduzir salários, retirar o Plano de Saúdes e praticamente destruir a Convenção Coletiva, o que levou os trabalhadores e trabalhadoras da empresa a decidir em assembleia pela suspensão da paralisação. Mas as locomotivas só voltaram a circular plenamente a partir das 9 horas.
O secretário geral da CTB e metroviário Wagner Gomes, que acompanha de perto e participa das lutas da sua categoria, fez um breve relato para o nosso site deste conflito entre os trabalhadores e a empresa na gestão neoliberal do tucano João Doria.
Leia abaixo:
A campanha salarial começou na data-base da categoria, que é 1º de maio. A primeira resposta da direção do Metrô era que não renovaria as cláusulas, que a situação estava difícil. Depois, as coisas foram evoluindo, revelou que queria acabar com vários benefícios, inclusive o Plano de Saúde e a última novidade era reduzir o valor dos salários em 10%.
A categoria ameaçou greve duas vezes e suspendeu tentando negociar uma saída para o impasse e na segunda-feira (27) houve uma audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) fez uma proposta que previa a manutenção do valor dos salários e admitia reduções temporárias dos adicionais de horas extras, trabalho noturno e outras coisas, até dezembro, quando a situação seria normalizada
O Metrô não aceitou a sugestão de conciliação. Mas quando a paralisação teve início o secretário de Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, enviou um documento para o Sindicato voltando atrás e anunciando que aceitava a proposta feita na audiência de conciliação com o TRT e o MPT, que para os dirigentes da entidade, nas condições criadas pela pandemia era aceitável.
Foi realizada uma assembleia por videoconferência em que votaram quase 2 mil pessoas. 80% votaram a favor da proposta apresentada pelo Sindicato de suspender a greve e acatar a mediação do TRT e MPT.
A avaliação geral é de que foi uma grande vitória na presente conjuntura em que a direção do Metrô, aproveitando as circunstâncias, queria acabar com a Convenção Coletiva da categoria e não conseguiu. O resultado da votação mostra a consciência elevada da categoria e a sintonia com a direção do Sindicato.
A lição que fica é que com mobilização e luta a classe trabalhadora pode reverter o retrocesso e preservar as conquistas e direitos que arrancou ao longo de séculos de luta. As categorias que não dispõem desses dois meios, capacidade de mobilização e luta, infelizmente estão tendo de amargar o arbítrio patronal, que se traduz em redução dos salários e destruição de conquistas e direitos, com o respaldo dos governos da direita e extrema direita.
Veja nota do Sindicato