Por Railídia Carvalho
A jornalista Larissa Gould afirmou nesta terça-feira (16), na Sala Virtual da CTB, que o contexto atual provocado pelo coronavírus abre a possibilidade de virar o jogo na disputa de narrativas na internet, terreno controlado pela direita. Ela citou a realização do 1º de maio unificado das Centrais Sindicais com ações coordenadas e articuladas como uma experiência positiva para pautar as redes com a agenda da classe trabalhadora. Segundo Larissa, “é o momento de alfabetizar as pessoas em tecnologia”.
“O papel das redes sociais como espaço de lutas” foi o tema do debate desta terça. “Essa alfabetização nao é fácil mas vamos conseguir dar um salto dentro da comunicação e de estratégias de comunicação. Tenho visto os dirigentes entendendo a importância da comunicação de maneira concreta”, disse Larissa. A observação da jornalista havia sido tema da saudação inicial feita no início da live pelo presidente da CTB, Adilson Araújo. O sindicalista ressaltou que um plano de atuação nas redes é “fundamental e um desafio para o movimento sindical”.
Larissa falou da importância de compreender o funcionamento das redes para atuar nelas. “A internet que usamos como facebook, google são propriedade de corporações e o conteúdo dessa internet está inserido em uma lógica de mercado. Não é um espaço para informar”, explicou. Ela lembrou que ao contextualizar os interesses dessas empresas da internet, os movimentos podem avaliar que ferramentas usar e como se posicionar na rede.
“Não é apenas postar conteúdo é preciso conversar com as pessoas”, recomendou Larissa. Segundo ela, Não basta o conteúdo técnico de como operar as redes mas é preciso saber como conversar com as pessoas. “Ainda bem que a militância da CTB já vem com um acumulo político”, disse. Na hora da conversa, ela observou que o discurso político precisa estar muito alinhado.
A jornalista, que também é editora de mídias sociais do portal Brasil de Fato, alertou para ciladas na internet e usou o exemplo da #pagabolsonaro.“A hashtag fortaleceu a ideia de que quem pagava era o Bolsonaro”. A avaliação do coletivo de Comunicação das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo concluiu que a hashtag reforçou a pauta da extrema-direita. “Eles estão lá todo dia, tem mais recursos financeiros que nós. O que nós temos é um coletivo de pessoas que precisa ser fortalecido”.
De outro lado, a realização do 1º de maio virtual é um exemplo de fortalecimento dessa rede de pessoas e movimentos que deu certo. “Quando uma ação coordenada dá certo tende a ser assunto nas redes. E nao apenas nas redes sociais. A Globo falou várias vezes do 1º de maio como uma pauta positiva dizendo que os trabalhadores nao puderam ir às ruas mas estavam reivindicando nas redes”.
Larissa reforçou a combinação para potencializar o papel das lutas sociais nas redes: “Formar militantes tecnicamente, politicamente e que se identifiquem como sujeitos ativos nesta batalha. Se os 100 mil nas ruas chegarem nas redes ativos aí a gente vai conseguir virar esse jogo”.