Dia Internacional de Combate à LGBTIfobia; assista live neste domingo

Por Marcos Aurélio Ruy

O domingo (17) marca o Dia Internacional de Combate à LGBTIfobia. Organizações se juntaram para a realização de uma live, a partir das 15, pelo Facebook da Aliança (https://www.facebook.com/AliancaLGBTI/) e parceiros. A live LGBTI Vive está programada para durar sete horas e conta com a participação de vários artistas.

Para Silvana Brazeiro Conti, vice-presidenta da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, seção Rio Grande do Sul (CTB-RS), celebrar a data e refletir sobre as questões LGBTIs é essencial em meio à pandemia da Covid-19. “O Brasil é o país que mais mata LGBTIs no mundo”, diz.

“A necessária quarentena para evitar a contaminação acelerada do coronavírus, a situação fica pior”, garante. “A violência doméstica cresce assustadoramente e as mulheres, LGBTIs, crianças e jovens ficam em completa situação de vulnerabilidade”.

A data marca a decisão da Organização Mundial da Saúde (OMS) de retirar a homossexualidade do Código Internacional de Doenças. “Foi uma importante vitória”, afirma Andrey Lemos presidente União Nacional LGBTI (UNA-LGBTI).

“A partir dessa data o movimento LGBTI no mundo pôde seguir na luta em busca de participação, representatividade e direitos com mais pujança”, reforça. “Infelizmente ainda não temos um mundo igual para as pessoas LGBTI, mas temos avançado bastante”.

“Foi quando a homossexualidade se tornou o que ela sempre foi: apenas uma expressão saudável da sexualidade humana”, diz Nelson Matias Pereira, diretor da APOGLBT (ONG responsável pela Parada do Orgulho LGBT de São Paulo).

Moonlight – Sob a Luz do Luar (2016), de Barry Jenkins

https://www.youtube.com/watch?v=uPYMXmmlLAI

Silvana e Andrey lamentam a posição do Brasil de país mais violento contra as pessoas LGBTIs. De acordo com o Grupo Gay da Bahia, foram 329 mortes violentas no ano passado, sendo 297 assassinatos e 32 suicídios, a maioria provocada por opressão e preconceito em casa, na rua e nas redes sociais. Em 2019, um LGBTI foi assassinado a cada 26 horas no Brasil.

A violência não se manifesta apenas fisicamente, assegura Silvana. Ela explica que o mercado de trabalho marginaliza essa parcela da população brasileira. “O mercado de trabalho é muito cruel com as pessoas LGBTIs, principalmente com as transexuais, obrigando-as a submeterem-se a trabalhos sem carteira assinada, muitas vezes insalubres, chegando inclusive à prostituição, sem perspectiva de escolha”.

Por isso, a Organização das Nações Unidas (ONU) Brasil defende a criação de políticas públicas para promover os direitos humanos e o acesso das LGBTIs ao mercado de trabalho, “através de empregos dignos e do respeito à diversidade”.

Para Andrey, “o Movimento LGBTI brasileiro comemora quatro décadas de organização da luta e nesse tempo temos alcançado algumas vitórias como a criminalização da LGBTfobia, a Política Nacional de Saúde Integral da População LGBTI, e vários instrumentos para a inclusão dessa população em políticas públicas”.

Mãe Só Há Uma (2016), de Anna Muylaert

https://www.youtube.com/watch?v=MSUT2ttwJng

Mas “sabemos que ainda temos muitos desafios pela frente”, assegura. “A pandemia tem nos apontado dois grandes inimigos, o bolsonarismo que não valoriza e não se preocupa com a vida e o coronavírus que vem fazendo mais vítimas entre os seguimentos populacionais em situação de maior vulnerabilidade”.

Silvana acredita também que a decisão do Supremo Tribunal Federal, em junho de 2019, de enquadrar a LGBTIfobia como tipo penal na Lei do Racismo (Lei 7.716/1989), “ajuda a coibir a violência” já que em 2018, os LGBTIs foram vítimas de 420 mortes e em 2017, 445. “Os números vêm diminuindo porque resistimos”.

Além dessas importantes conquistas, as pessoas LGBTIs estão mais precavidas devido à virulência do discurso do presidente Jair Bolsonaro e de seus seguidores nas redes sociais.  “Estamos mais organizados e mobilizados, além de seguir na luta para conquistarmos um mundo sem preconceitos, que respeite a diversidade”, assegura Silvana.