Por: Érico Leal
Depois de muitos anos não irei às ruas no dia Primeiro de Maio saudar aos trabalhadores e trabalhadoras em luta pelos seus direitos e sua emancipação social, em todos os continentes, na grande maioria dos países, com atos de todos os tamanhos e feituras, embora sempre como um estandarte de resistência desfraldada contra o neoliberalismo. Permaneço cultivando a esperança que essa data simbólica seja o Ano Novo de todos os povos no porvir.
No entanto, em 2020, quando a pandemia e a necessidade de distanciamento social nos tirou das ruas, mas não dá luta, participaremos dos ato-lives que as Centrais Sindicais e outras entidades promovem de forma unitária em todo o país e nos Estados; ajustando, assim, a luta às formas que a realidade adversa impõe.
Não teremos os encontros fraternos e as disputas costumeiras; o sol quente ou a chuva, o carro-som, as palavras de ordem, os panfletos distribuídos de mão em mão; o colorido das bandeiras, das camisas, de bottons e bonés. A esquina democrática da Praça da República e o Bar do Parque estarão em silêncio. Ninguém montará barracas com propagandas e isopores com água e cerveja. Porém nós estaremos como se fosse, presentes, em mais um Primeiro de Maio, quando se faz mais necessário.
Mais do que nunca se afirma aos trabalhadores e trabalhadoras a necessária e imediata luta pela vida e pela humanidade; exatamente quando as crises sanitária, econômica e civilizacional desnudam-se a incapacidade do sistema capitalista de defendê-las. Ao contrário, vêm à luz todo o criminoso fosso de desigualdades sociais e concentração de riquezas, as mentiras impostas como verdades, as propositais insuficiências de estrutura para a maioria dos povos e os deliberados abandonos sociais; a moral apodrecida dos dominantes e suas nefastas necro-políticas contra a democracia e os direitos conquistados.
Como nesse Primeiro de Maio, diante de tantas limitações e perigos, os comunistas devemos estar presentes em todas as formas de luta que se apresentem necessárias, em todos os campos de batalhas que a vida concreta oferece, construindo frentes ampla ou de salvação nacional, unidade popular, enfim todos os instrumentos políticos que sejam capazes de pôr fim ao governo Bolsonaro, que promove a morte, zomba do sofrimento do povo, destrói a economia brasileira, aprofunda a crise social, atenta contra a soberania da nação, além de conspirar contra a democracia com objetivos explícitos de construir um regime miliciano de exceção.
Depois de quase quatro décadas, quando ingressei nas fileiras do Partido Comunista do Brasil, não estarei nas ruas distribuindo panfletos, levantando bandeiras do PCdoB, vestido com a camisa da CTB, gritando palavras de ordem; usando da palavra, como em 1987, na Praça do Operário, São Brás, quando dividimos o tempo eu e a Cacilda, em nome dos servidores públicos; onde tive a honra de estar ao lado de Paulo Fonteles, secretário sindical, que falou pelo Partido. Mas estarei com certeza nos ato-lives em defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, em defesa do povo brasileiro e do Brasil, como sempre.
*Érico de Albuquerque Leal, ex dirigente da CTB/Pará e do Sindicato dos Servidores Públicos Civis do Pará (SEPUB), dirigente do PCdoB/PA.