O Procurador Geral da República (PRG), Augusto Aras, encaminhou ao STF sexta-feira (24) pedido de abertura de inquérito para investigar as graves denúncias feitas pelo ex-ministro Sergio Moro contra Jair Bolsonaro. A iniciativa foi sugerida mais cedo pelo ministro Marco Aurélio, do STF, e pode resultar no afastamento do presidente.
Moro afirmou que Bolsonaro queria ter acesso a relatórios sigilosos da Polícia Federal, provavelmente relativas a investigações envolvendo os filhos Flávio, Eduardo e Carluxo. Queria ter uma pessoa de sua absoluta confiança no comando da instituição, por isto demitiu o diretor geral Maurício Valeixo.
Bolsonaro, por sua vez, fez um patético e longo pronunciamento às 17 horas, no qual procurou desmentir o ex-ministro da Justiça, a quem acusou de propor a troca do diretor geral da PF por uma vaga no Supremo Tribunal Federal, negociata que Moro negou. Em resposta à fala presidencial, transmitida em rede nacional de rádio e TV, verificou-se o maior panelaço do ano harmonizado por buzinaços e gritos de FORA BOLSONARO.
Sintomaticamente, o ministro da Economia, Paulo Guedes, comportou-se como uma ovelha negra no circo ministerial armado em torno de Jair Bolsonaro durante o pronunciamento travestido de coletiva, um espetáculo bizarro. Guedes foi o único sem terno, gravata, e de máscara, que teria sido usada para disfarçar o riso, segundo as más línguas. Crescem no mercado futuro as apostas de que, após Mandetta e Moro, ele será o próximo. Isto se Bolsonaro não cair antes.
Umberto Martins