Por Marcos Aurélio Ruy
Tudo começou na província de Wuhan, na China, em fins do ano passado, com um novo vírus contaminando rapidamente muitas pessoas por todo o país. Nem um alerta sobre a gravidade da situação impediu a disseminação.
Com a confirmação da chegada do novo Coronavírus ao Brasil, a propagação de fake news sobre os sintomas e de como combater a doença se mostrou tão rápida quanto a velocidade do novo vírus.
Tanto que o Sistema Único de Saúde (SUS) – o maior sistema nacional público de saúde dos países capitalistas com mais de 100 milhões de habitantes – desenvolveu um aplicativo para celulares com informações sobre as formas de transmissão, os sintomas e como combater o vírus.
Aplicativo do SUS
Para sistema iOS – https://apps.apple.com/br/app/coronav%C3%ADrus-sus/id1408008382
Para sistema Android – https://play.google.com/store/apps/details?id=br.gov.datasus.guardioes&hl=pt_BR
O jornal da Universidade de São Paulo, também pública, fez matéria desmentindo as principais fake news disseminadas irresponsavelmente pelas redes sociais.
Leia aqui
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o Coronavírus como pandemia, no dia 11 de março, porque o vírus se alastrou e atualmente atinge ao menos 120 países, em todos os continentes, com mais de 140 mil pessoas infectadas e um número superior na 5 mil mortos.
Com a chegada do Coronavírus ao Brasil, evidenciou-se o desastre da política governamental com diminuição do Estado e dos serviços públicos, cortando verbas e atacando os direitos das servidoras e servidores com o objetivo de privatizar todos os serviços públicos no país.
Várias notícias falsas e sem nenhuma base científica têm sido propagadas pelas redes sociais, num pouco caso absurdo para com a vida e para com a saúde pública. Desde de pessoas argumentando da não utilização de álcool gel para evitar a contaminação pelas mãos até a pessoas, como o próprio presidente Jair Bolsonaro, irresponsavelmente, negligenciando a pandemia, dizendo ser mentira, ou pior, de que seria uma invenção da China para salvar sua economia. E quem salva o Brasil de Bolsonaro?
“Todas as autoridades de bom senso estão tomando providências sérias para impedir a disseminação rápida do Coronavírus”, argumenta Elgiane Lago, secretária de Saúde da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). Além disso, “os empresários aumentam o preço dos produtos sem nenhuma preocupação com a vida, pensando somente nos seus lucros”.
Também já foi criado um infográfico para monitorar em tempo real os casos de Coronavírus pelo mundo. Acompanhe pelo link abaixo:
https://infographics.channelnewsasia.com/covid-19/map.html
Mesmo contra as infâmias de Bolsonaro, as medidas de combate ao novo Coronavírus são essenciais e devem estar aliadas a um conjunto de medidas para salvar a economia do país. “Revogar a Emenda Constitucional (EC) 95 é importante para disponibilizar recursos para a saúde pública”, reforça Adilson Araújo, presidente da CTB. A EC 95 congela os investimentos no serviço público por 20 anos, principalmente saúde e educação.
Outra coisa importante, de acordo com Elgiane, é a valorização do SUS. “Está evidente que as empresas privadas de saúde têm limitações no combate à pandemia, que podem ter consequências drásticas”, diz.
Agora, alerta Gicélia Bitencourt, secretária da Mulher da CTB-SP, “vivemos tempos onde as pessoas olham muito mais para si e seus interesses do que para o coletivo”. De acordo com ela, “quando um presidente faz piadas com uma coisa tão séria é porque o país vai mal”.
Tanto que, argumenta, para vencer o Coronavírus, “as pessoas precisam valorizar o coletivo, uns cuidar dos outros e não fazer estoque de comida, remédios e produtos para a higiene. Aí corremos o risco de desabastecimento e a situação ficar ainda mais grave”.
A situação é tão grave que as centrais sindicais cancelaram as manifestações públicas desta quarta-feira (18), seguindo orientações das autoridades sanitárias. Vários governadores e prefeitos têm tomado medidas de segurança, suspendendo aulas e eventos públicos de grande porte. Até os jogos de futebol foram suspensos pelas entidades estaduais e pela Confederação Brasileira de Futebol.
Com muita tenacidade e abnegação, a China deixou de ser o epicentro da pandemia. Num esforço do governo chinês e da população o vírus foi controlado. O novo epicentro da doença está na Europa.
A Itália vive um caos por falta de ação rápida de seu governo em tomar as medidas necessárias. Atitude idêntica tem o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro ao minimizar os efeitos da propagação do Covid-19 e ignorar as determinações do Ministério da Saúde de seu governo. Inclusive já há uma morte confirmada em São Paulo.
No Brasil, governadores se antecipam ao governo federal e tomam medidas de contenção da disseminação do vírus. “Países com ação rápida com todo o sistema de saúde trabalhando para conter o vírus têm conseguido resultados eficazes”, diz Francisca Pereira da Rocha Seixas, secretária de Saúde da Confederação Nacional de Trabalhadores em Educação (CNTE).
A sindicalista, que também é dirigente da Apeoesp – Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, alerta para a necessidade de se adotar medidas severas para conter a disseminação do Coronavírus.
No entanto, diz ela, “para derrotar o vírus são necessárias medidas emergenciais, mas é importante também garantir a vida das trabalhadoras e trabalhadores, que não podem ficar sem o seu ganha pão”.
Além dessas medidas, “o enfrentamento da crise requer a mudança radical da política fiscal, além da revogação da EC 95 e uma expansão substancial dos investimentos públicos”, reforça Adilson. E “a proteção das trabalhadoras e trabalhadores que contraírem o vírus”.
Ele lembra a atitude das centrais sindicais com a suspensão das manifestações de rua da quarta-feira (18) contra a política econômica recessiva do ministro da Economia, Paulo Guedes e em defesa da democracia, atacada diretamente pelo presidente da República.
O Brasil precisa parar e agir com inteligência, sem causar prejuízos para a sociedade e a classe trabalhadora. Para isso, o presidente da CTB defende a “ampliação do crédito neste momento de crise para aquecimento da economia e, principalmente o fortalecimento do mercado interno com criação de empregos e com melhorias salariais”.
Já Elgiane ressalta que “até mesmo setores da direita começam a enxergar a importância do SUS para superarmos essa crise e derrotarmos o Coronavírus”.
Basta ver o desastre que acontece nos Estados Unidos, onde “não se tem saúde pública em pleno funcionamento”, alega. Como o caso relatado pela BBC News onde “um homem que voltou aos Estados Unidos após uma viagem à China, em fevereiro, sentiu-se resfriado. Foi a uma sala de emergências em Miami, temendo ter sido contagiado pelo novo Coronavírus”, o resultado deu negativo, “mas uma carta que recebeu duas semanas depois quase o fez ficar doente de novo: ele devia ao hospital mais de US$ 3 mil (R$ 15 mil) pelos gastos com os exames que eles haviam feito”, mostra a reportagem.
Além de mais investimentos no SUS, Adilson acredita ser “necessário garantir estabilidade no emprego para todos os trabalhadores e trabalhadoras que necessitem ser mantidos em quarentena e a criação de Comitês de Prevenção em todas as empresas para ajudar na divulgação de informação confiável para impedir a propagação do vírus e ajudar aos infectados e seus familiares”.
Porque Guedes se aproveita do pânico provocado pelo vírus para propagar a solução com o “aprofundamento das reformas neoliberais com redução de direitos de trabalhadores e trabalhadoras, da iniciativa privada e do setor público, arrocho de salários e precarização do trabalho”, acentua.
Se ligue nas explicações
“Mas é exatamente a falta de um serviço público vigoroso que provocou o desastre total na Itália e nos Estados Unidos”.
Adilson diz que a China deixou de ser o epicentro do Coronavírus porque tomou ações rápidas e eficazes no combate ao vírus e de aquecimento da economia. “O governo comunista da China conseguiu controlar a epidemia e a economia está se recuperando rapidamente com expectativa de um crescimento do PIB superior a 5% neste ano”, afirma.
Enquanto o Brasil conta com mais de 38 milhões de trabalhadoras e trabalhadores na informalidade. Sem nenhuma garantia trabalhista, portanto, e o governo não faz nada.
“São trabalhadoras e trabalhadores que não podem se dar ao luxo de deixar de trabalhar ou ficar doente”, diz Elgiane. “Essas pessoas necessitam de garantias para ficar em casa porque não recebem salários se não trabalharem”.
Para ela, “as propostas feitas pelo presidente da CTB são fundamentais para o país vencer o Covid-19 e sair desta crise com a superação do projeto neoliberal de Bolsonaro e Guedes e com a união da classe trabalhadora em defesa de seus direitos, da democracia, do SUS e do serviço público”.