Por Marcos Aurélio Ruy
Na mesma semana na qual Regina Duarte assumiu a Secretaria Especial de Cultura do desgoverno de Jair Bolsonaro, 16 artistas lançam o vídeo manifesto Cultura Livre Já! Cultura Livre Sempre. A atriz famosa pelo medo de um governo voltado para os interesses nacionais e populares, afirmou em seu discurso de posse que “a liberdade de expressão tem que ter limites”.
Além de afirmar que as verbas de financiamento não estarão a serviço de “minorias”. É a cultura sem cultura do autoritarismo e dos amiguinhos, que não contestam o status quo.
Já no século 19, o pensador e revolucionário alemão Karl Marx (1818-1883) disse em seu livro Liberdade de Imprensa (1842) que “ninguém é contra a liberdade. No máximo se é contra a liberdade dos outros”. Precisa dizer mais?
Confira o vídeo do manifesto
O manifesto divulgado nesta semana afirma que “o oxigênio da cultura é a liberdade”. Porque não se pode restringir o termo cultura ao pum do palhaço como fez a atriz medrosa. “A cultura é um conjunto de forma de ser, de existir do nosso povo, nossos conhecimentos, nossos costumes e nossas crenças”, diz trecho do importante manifesto em defesa da democracia e da diversidade.
Emprestam a sua voz em defesa da cultura, tão maltratada pelo desgoverno Bolsonaro, uma diversidade de artistas e intelectuais que se unem contra o obscurantismo bolsonarista, pela democracia e pela liberdade de pensar e criar.
Júlia Lemmertz, Juca Kfouri, Debora Bloch, Arnaldo Antunes, Zélia Duncan, Marco Ricca, Armando Babaiof, Roberto Estrela Dalva, Chico Buarque, Malu Mader, Simone Spoladore, Chico César, Dira Paes, Marcos Breda, Bárbara Paz, Zeca Baleiro, Fernando Morais, Paulo Betti e Lilia Schwarcz, leem o manifesto com muita ênfase contra o autoritarismo e a censura, que o atual governo impõe à nossa melhor produção artística.
O manifesto é uma iniciativa da Associação Paulista de Cineastas, Associação Brasileira de Roteiristas, Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro, Cooperativa Paulista de Teatro e Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de São Paulo.
“Sem a cultura não saberíamos quem somos, sequer nos identificaríamos uns com os outros”, argumentam os artistas em outro trecho do manifesto. A cultura mostra a alma de uma nação. Sem cultura não existe nem o conceito de nação e sem liberdade a cultura perde, o país perde, o mundo perde. Sem cultura nem existiríamos.
Em tempo de sucessivos ataques à liberdade e à diversidade, com o argumento de existir o “marxismo cultural” doutrinador e destruidor da família das pessoas de “bem” (bem-nascidos financeiramente), é importante o posicionamento de artistas e intelectuais que dão a cara a tapa para se contrapor à uniformização nazista da cultura com propósito de massificar a incultura e acabar com verdadeira expressão artística de toda a diversidade brasileira.