Apesar da guerra comercial deflagrada pelos EUA com o objetivo de deter a expansão chinesa, comércio exterior do país cresceu 3,4% em 2019
O comércio exterior da China subiu 3,4% em 2019 para 31,54 trilhões de yuans (cerca de US$ 4,6 trilhões), conforme dados alfandegários divulgados terça-feira (14).
As exportações cresceram 5%, para 17,23 trilhões de yuans, no ano passado, enquanto as importações subiram 1,6%, para 14,31 trilhões de yuans, resultando em um superávit comercial de 2,92 trilhões de yuans, que aumentou 25,4%, conforme a Administração Geral das Alfândegas (GAC).
Liderança
“Com base em nossas análises iniciais, a China deverá continuar sendo o maior país comercial do mundo em 2019”, disse Zou Zhiwu, vice-chefe do GAC. Foi em 2009 que a próspera potência asiática ultrapassou os EUA em exportações e, desde 2011, passou à liderança no valor da corrente comercial (que soma exportações mais importações), tendo ampliado desde então a diferença em relação ao rival americano.
A ascensão comercial e financeira da China, que também se transformou na maior investidora e credora global, coloca em questão a ordem econômica mundial remanescente dos acordo de Bretton Woods, hegemonizada pelos EUA, e provoca objetivamente um movimento de transição para uma nova realidade geopolítica, cujo desfecho Washington quer evitar a qualquer preço.
Somente em dezembro, o comércio exterior do país saltou 12,7% em relação ao mesmo período de 2018, para um recorde mensal de 3,01 trilhões de yuans, com exportações subindo 9% e importações 17,7%, para novos máximos mensais. O Brasil, em contraste, terminou o ano com queda no valor de exportações e importações relativamente ao mesmo período do ano anterior.
O aumento de dezembro pode ser atribuído a fatores como aumento da demanda por importações provenientes da recuperação das atividades manufatureiras, aumento dos preços das principais commodities em todo o mundo e crescente confiança impulsionada pelo progresso relacionado às consultas comerciais entre a China e os Estados Unidos, disse Huang Guohua, funcionário do GAC.
Indústria de transformação
Analisando o comércio exterior da China em 2019, Zou enfatizou algumas mudanças notáveis.
A ASEAN subiu para se tornar o segundo maior parceiro comercial da China em 2019, com 4,43 trilhões de yuans em volume de comércio com a China.
As empresas privadas ultrapassaram as empresas de capital estrangeiro como o maior contribuidor do comércio exterior da China pela primeira vez, registrando um volume comercial recorde de 13,48 trilhões de yuans.
O mix de comércio do país continuou a melhorar em 2019, com o comércio geral assumindo uma participação maior. O comércio geral, que cresceu 5,6% ano a ano, foi responsável por 59% do comércio total, 1,2 ponto percentual a mais que no ano anterior.
Produtos elétricos, eletrônicos e máquinas foram responsáveis por 58,4% das exportações do país em 2019, com 10,06 trilhões de yuans em volume comercial, um aumento de 4,4% em relação ao ano anterior.
Os dados de terça-feira também mostraram que as importações de carne da China registraram o crescimento mais rápido em comparação com outras grandes commodities básicas, incluindo minério de ferro, soja, petróleo bruto e gás natural em 2019.
O comportamento das vendas no exterior é explicado principalmente pelo avanço da indústria de transformação no país que, diferentemente do Brasil não tem uma pauta de exportações baseada em commodities. A industrialização, cuidadosamente planejada e promovida pelo Estado socialista dirigido pelo Partido Comunista, é a causa do crescimento desigual da China, que alavancou sua ascensão à condição de primeira potência econômica do planeta.
Com informações da Xinhua