Estamos a exatamente onze meses das eleições no Brasil, o processo esta longe de definição política e eleitoral, entretanto, como afirmava o Governador Magalhães Pinto: “a conjuntura é como um céu repleto de nuvens, a cada momento, apresenta-se de forma diferente”. Neste cenário meteorológico de disputa a expectativa é de muitas nuvens e trovoadas pelo lado da oposição e um céu de brigadeiro para a base governista. No entanto, a análise conjuntural atual não está diretamente relacionada com o que ocorrerá nas próximas eleições, apenas nos mostra o prenúncio de uma disputa árdua em outubro de 2010, pois tudo, além disso, são apenas subjeções.
No campo governista e sua base aliada, o momento é de “tempo bom”, de perspectivas altamente favoráveis. A crise econômica que afetou profundamente as principais economias do mundo, na costa brasileira, não passou de uma marolinha, conforme anteveu o presidente Lula e não se transformou em tusnami, como pretendia a oposição. O governo colocou a disposição do país importante e decisivos instrumentos macroeconômicos e políticos para desviar o Brasil da rota e do caos anunciado. Passado momentaneamente o ápice da crise, que poderá retornar no próximo período, o cenário para 2010 indica um maior crescimento da economia, geração de emprego, estabilidade macroeconômica, avanços no comércio internacional, investimentos em infra-estrutura, dentre várias iniciativas positivas em curso.
No âmbito das articulações políticas, o partido dos trabalhadores anunciou há uma semana a coligação nacional com o PMDB. Esta articulação implicou na unidade dos dois maiores partidos políticos do país e aumentou a necessidade de intensificar as conversas políticas com os trabalhistas, socialistas e comunistas.
O desafio no próximo período será coesionar a aliança em torno de uma candidatura única e estabelecer um programa que avance num projeto de desenvolvimento com valorização do trabalho, reformas estruturais e consolidação de um projeto soberano de nação, a serviço da grande maioria do povo brasileiro. Do ponto de vista meramente eleitoral a tendência é a candidatura da situação abocanhar até setenta por cento da propaganda eleitoral gratuita, o que deverá potencializar ainda mais a candidatura lulista.
Em relação à oposição, o céu anuncia chuvas e trovoadas. A guerra pública travada entre os dois postulantes ao posto de candidato da oposição ganha contornos indigestos. O governador de São Paulo e a elite paulista vive um dilema cruel, dispor do atual governo do Estado e enfrentar uma candidatura lulista com grande potencial de vitória e ainda colocar em risco uma hegemonia de duas décadas de governo tucano no maior e mais rico Estado da federação brasileira. José Serra vive dias de intensa pressão, o que intensifica as fissuras e feridas abertas no período pré-eleitoral. O demo exige que o governador paulista saia imediatamente de cima do muro e defina até dezembro a posição no tabuleiro eleitoral. No campo da luta política cotidiana a dupla tucano-demo acumula derrotas sistematicamente. A explosiva CPI da Petrobrás perde força a cada dia, a tentativa de desmoralizar o governo no episódio de Honduras se desfaz com o avanço das negociações e o novo protagonismo do Brasil na geopolítica internacional e no mais recente fracasso, a tentativa infrutífera de excluir a Venezuela do mercosul.
Já, “o regra três” do banco tucano, o governador de Minas Gerais, tenta impor sua candidatura o todo custo. Entre os muitos problemas pessoais e políticos que envolvem o mandatário do palácio da liberdade, o mais relevante decorre do que o neo-autoritário oposicionista considera como sendo um projeto apresentável ao país no pós lulismo. O neto de Tancredo Neves, segue o mesmo roteiro do avô: mudemos tudo para manter tudo no mesmo lugar. Todavia, o lugar proposto pelo tucaninho de minas é o aprofundamento do modelo neoliberal que o mesmo desenvolve em Minas.
Conforme matéria publicada na revista Carta Capital Aécio propõem como metas de um pretenso governo o seguinte: 1 – Gestão eficiente, o que em Minas é conhecido como choque de gestão, que consiste em retirar recursos das políticas públicas e da valorização do funcionalismo para injetar na iniciativa privada; 2 -Reforma do Estado, na mesma linha liberal da Reforma da década 90 com uma perspectiva simplesmente entreguistas e destrutivas das instituições públicas do Estado, da mesma maneira como foi realizada pelo governo FHC; 3 – Reforma da previdência, o tucaninho propõem mais uma vez realizar a reforma que o mercado financeiro exige, repassar recursos volumosos da previdência pública para ser gerida por bancos e financeiras privadas que visam unicamente o lucro deste negócio; 4 – O governador mineiro destaca ainda a necessidade de uma reforma política, porém não chegou a detalhar qual reforma ele pretende. Há considerar o perfil do governante, não devemos esperar algo que avance em mais democracia. Por último, o tucaninho idealiza uma ousada política monetária. O que não ficou muito claro é se a ousadia é a mesma do período FHC, quando os juros chegaram à casa de 49% ao ano.
Diante de tais circunstâncias, vai ficando a cada dia, mais evidente, a falta de projeto político e proposta de governo da oposição demo-tucano. Propõem seus líderes reafirmar o modelo neoliberal fracassado não somente no Brasil, como em todo o mundo. Enquanto governos das principais economias debatem alternativas ao livre mercado, maior protagonismo do Estado, uma efetiva regulamentação nas relações comerciais e financeiras, um novo marco nas relações multilaterais e entre as nações, a oposição liberal conservadora demonstra falta de sintonia como seus iguais, menospreza o debate político pelo mundo afora e subestima o povo brasileiro. Aécio Neves evidentemente jamais foi considerado um intelectual, ou um pensador em um mundo complexo e em transformação. Percebe-se a cada dia um discurso maquiado da oposição que além de estar fora do contexto histórico é uma fraude política e eleitoral facilmente identificada pelo povo brasileiro.
A meteorologia informa: a temperatura eleitoral tende a aumentar, previsões de chuvas e trovoadas principalmente pelas bandas do demo-tucano. Ventos e brisas propícios ao desenvolvimento de novas práticas políticas e econômicas. Porém, o que vai mesmo mudar o clima da disputa eleitoral de outubro de 2010 será a energia propagada das ruas e praças, radiadas de homens e mulheres de bem deste imenso Brasil.
Gilson Reis é presidente do Simpro MG e da CTB Minas Gerais