O Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro organizou, na última quinta-feira (28), o debate “As transformações no mundo do trabalho e seus impactos na produção e na vida dos trabalhadores”. O debate reuniu representantes de Centrais Sindicais, do Governo do Estado onde se discutiu a situação do Rio de Janeiro e perspectivas para a classe trabalhadora.
A mesa do debate foi coordenada pelo Presidente do Sindimetal-Rio, Jesus Cardoso, que na fala de abertura do debate lembrou a situação na qual vivemos e anunciou as expectativas para o debate.
“Estamos no 5º ano em que a Crise está instalada. Estamos no Estado mais debilitado dentre todos os entes da federação, onde a violência impera há muito tempo. Precisamos buscar uma saída coletivamente. Convidamos o Governo do Estado, convidamos empresários, convidamos deputados, todos mandaram seus representantes, e esperamos que esse debate seja satisfatório.” – disse, Jesus.
Após a fala de abertura, Jesus compôs a mesa de debate com o Subsecretário de Trabalho e Renda do Governo do Estado do Rio de Janeiro, José de Souza e Silva; o representante da Fiocruz Luiz Carlos Fadel; o Presidente da CTB-RJ Paulo Sérgio Farias; o Presidente da CUT-RJ Sandro César e; o Presidente da FISENGE Clóvis Nascimento.
O Subsecretário de Trabalho e Renda do governo do Estado do Rio de Janeiro, José de Souza e Silva, admitiu saber o grave quadro de desemprego vivido pelo Rio de Janeiro, culpando governos anteriores pelos problemas atuais. Afirmou que a Secretaria estava aberta aos Sindicatos na busca por soluções e prometeu a conquista de 500 mil vagas com carteira assinada em 2020.
O Presidente da FISENGE, Clóvis Nascimento, valorizou a centenária história de lutas do Sindimetal-Rio e apontou o Golpe de 2016 como um dos responsáveis pelo momento vivido pelo Rio de Janeiro.
“Uma decisão política equivocada, resultado de um golpe em uma presidenta legitimamente eleita, jogou mais de 100 mil trabalhadores no desemprego. Trabalhadores de um setor, do Setor Naval.” – afirmou.
O Engenheiro apresentou os graves números de desemprego e desalento no Estado e defendeu o papel do Estado na retomada econômica fluminense:
“O Estado tem que ser o indutor da economia. E quando o Estado é o indutor da economia, não dá para economizar fazendo navios no exterior. Os navios tem que ser construídos aqui, para gerar emprego e movimentar toda cadeia produtiva metalomecânica.” – defendeu Clóvis.
Para o Presidente da FISENGE, os métodos da Operação Lava Jato têm responsabilidade na atual crise do Estado:
“A Operação Lava Jato tirou mias de 142 milhões de reais da economia brasileira, paralisou obras, fechou empresas nacionais de engenharia e a promoveu desindustrialização. Somos contra a corrupção, mas queremos que quem pague seja o CPF, não o CNPJ.” – disse.
O Presidente da CTB-RJ, Paulo Sérgio Farias, iniciou sua fala com a exibição do documentário “Parte da Sua Vida”, uma produção da CTB Nacional que apresenta os danos que a ausência de Sindicatos pode trazer para a vida dos trabalhadores e trabalhadoras. Paulo Sérgio defendeu o setor naval com “parte estruturante do projeto nacional” e afirmou que, com o desmonte do mesmo, “todo setor integrado da indústria também foi prejudicado”. Ele também fez análise da situação vivida pelo Rio de Janeiro e apresentou o que considerou um caminho a ser seguido:
“Aqui, no Rio de Janeiro, temos 1,5 milhão de desempregados, 15 mil de famílias morando nas ruas. A constatação dessa realidade está embaixo das marquises do centro da cidade ou em qualquer canto da região metropolitana.
Queremos que se destravem as obras do Rio de Janeiro. Existem 1.300 obras paradas no Rio de Janeiro.”
Paulo Sérgio também cobrou um posicionamento firme do governo contra a privatização da CEDAE e contra a privatização das outras estatais:
“O Governo do Estado precisa dizer que não aceita a privatização das Estatais do Rio de Janeiro. Privatizar as Estatais que tem sede em nosso Estado é um prejuízo enorme para nossa economia. O Estado também não pode abrir mão da sua principal empresa, que é a CEDAE.” – afirmou.
Sandro Cézar, Presidente da CUT Rio, lembrou o importante papel dos Sindicatos na construção da democracia brasileira:
“Os Sindicatos foram fundamentais na luta pela redemocratização, na luta pelo direito das mulheres, na promulgação da CF 88 e na eleição do primeiro operário presidente do Brasil, que quis o destino, que fosse um Metalúrgico.”
Sandro defendeu a construção de um movimento em defesa do Estado do Rio de Janeiro, lembrando que “defender as estatais é defender o Rio de Janeiro”.
Último a falar no debate, o representante da Fiocruz, Luiz Carlos Fadel defendeu a intensificação da aproximação do Sindicato com a base, num sentido de base para além dos filiados às entidades e defendeu aproximação com as universidades para produção de conhecimento:
“As Universidades precisam ser convocadas a participar de um processo de participação e produção de conhecimento.” – defendeu.
Após a fala de Fadel, foi aberta a fala ao Plenário para perguntas, com as considerações finais dos presentes logo em seguida.