Por Marcos Aurélio Ruy
Esta sexta-feira (15) marca os 130 anos de vida republicana no Brasil. Todo o processo de lutas em favor da República que culminou com o golpe de Estado de 1889 mostra que predominou a aliança entre os setores da elite envolvidas para a derrocada do Império que já durava 67 anos no país.
Venceu a união de um projeto moderado e liberal, que pretendia afastar os setores mais radicais e manter uma República sob controle oligárquico. Os liberais se uniram aos positivistas, que se baseavam no pensamento do francês Augusto Comte, pelo qual “o amor por princípio; a ordem por base; o progresso por fim”, por isso a frase “Ordem e Progresso” na bandeira nacional.
O projeto defendido por setores mais radicais, que se baseavam nos ideias da Revolução Francesa (1789-1799) de “Liberdade, Igualde, Fraternidade” foi derrotado. Eles defendiam a participação popular no processo revolucionário de constituição da República. Aliás, ao longo da história, predomina no Brasil o acerto entre as elites e o distanciamento dos setores populares do poder.
Por isso, a democracia quase inexistiu ao longo de toda a história do país. No período republicano, democracia para valer, mesmo no conceito da burguesia, foram 31 anos encerrado pelo golpe de Estado de 2016, quando a presidenta Dilma Rousseff sofreu um processo de impeachment sem comprovação de crime nenhum.
Entre 1945 e 1964 predominaram traços de democracia e os presidentes e vice-presidentes eram eleitos, mas o Partido Comunista do Brasil vivia na ilegalidade, porque o presidente eleito, Gaspar Dutra cassou o partido e seus parlamentares em 1947, depois de 2 anos de inédita vida legal do partido que foi fundado em 1922.
O Brasil passou por tudo isso e agora assiste ao desastre do 38º presidente, Jair Bolsonaro, num conluio das elites para evitar o avanço das forças populares e democráticas na direção dos rumos da vida brasileira na construção de uma sociedade mais justa e mais igual.
Com a posse do primeiro governo de inspiração popular em 2003, com Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência, a democracia avançou e diversas políticas públicas de combate às desigualdades forma implementadas e mesmo que timidamente, o Brasil experimentou por 14 anos um decréscimo nunca visto na pobreza do país.
As chamadas elites se alvoroçaram e sucessivamente passaram a atacar a política de cotas raciais e sociais para o ingresso nas universidades, os programas sociais de distribuição de renda e principalmente distanciamento a que estavam do controle do Estado.
Resultou disso, a união dos principais setores da elite econômica para decretar o fim da democracia e instaurar o projeto neoliberal de destruição do Estado nacional. Veio o golpe de Estado e a unidade de praticamente toda a direita para a eleição do ultrarreacionário Jair Bolsonaro, dois anos após o golpe.
Portanto, aos 130 anos da República não sobra outra alternativa aos setores democráticos e populares a não ser o de lutar pelas liberdades democráticas e pelo respeito aos direitos humanos e sociais de todas e todos os brasileiros. Somente a unidade de quem defende a democracia e respeita os direitos humanos pode tirar o Brasil dos rumos do autoritarismo.