É nos momentos de crise e demissões em massa que o capitalismo tira a máscara e deixa à mostra sua face desumana e cruel. Com o fechamento de plantas e demissões em massa, como se vê agora no caso da Ford (multinacional estadunidense do ramo automobilístico), ele revela uma perversa indiferença em relação ao destino de trabalhadores e trabalhadoras que produzem, com seu esforço e suor, os valores e lucros da empresa, que todavia são apropriados e usufruídos pelos proprietários dos meios de produção e acionistas.
Conforme notava Karl Marx, o operário é alienado do produto e tratado como um estranho dentro da empresa em que trabalha, de tal forma que pode ser descartado a qualquer momento e perder seu posto de trabalho por determinação arbitrária dos capitalistas.
A multinacional, conforme afirma Lula na carta reproduzida abaixo, não demonstra “a menor responsabilidade social, após anos de incentivos fiscais que beneficiaram sua operação em nosso país”. Colocou no olho da rua 2,8 mil funcionários desde março deste ano.
A força de trabalho é transformada em mercadoria no capitalismo e o ser humano que trabalha (homem ou mulher, jovem ou idoso, branco, ou negro) é útil apenas para produzir o que Marx chamou de mais-valia (valor incorporado à produção que excede o salário), sendo usado e rejeitado a critério do empregador como uma máquina que já não serve mais aos propósitos do dono.
É a lógica desumana da acumulação de capital e das relações sociais de produção que a orienta, por sinal a causa mais profunda das revoltas e convulsões sociais que ocorrem num crescendo em diferentes regiões do mundo.
Veja a carta indignada do ex-presidente Lula aos trabalhadores e trabalhadoras do ABC: