As perspectivas para os jovens diante de um cenário de retirada de direitos e uberização das relações de trabalho. Este foi um dos temas que nortearam o 7º Encontro da Juventude Bancária da Bahia e Sergipe, realizado no fim de semana, em Saubara.
Os debates de abertura foram fomentados pelas intervenções do presidente da Federação dos Bancários, Hermelino Neto; a diretora do Sindicato da Bahia, Jeane Marques e o jornalista Altamiro Borges, que preside o Centro de Estudos de Mídias Alternativas Barão de Itararé. O diretor de Juventude da Feebbase, Thiago Nascimento conduziu os trabalhos.
Jeane iniciou o Encontro falando da experiência como integrante de uma geração questionadora, que mudou a forma de produzir e enfrentar o mundo, mas que ainda tolera o machismo, o racismo e a homofobia. O presidente da Feebbase fez uma retomada histórica da importância do socialismo na construção do Estado de bem estar social dentro do capitalismo.
Tratou também do momento vivido no mundo que propiciou a ascensão de governos capitalistas e autoritários, com destruição dos direitos dos trabalhadores e da população mais pobre.
Transformações no mundo
Para o jornalista Altamiro Borges, o mundo está em fluidez e não dá para prever o que vai acontecer com os governos de inspiração fascista que estão surgindo.
Ele reforçou que os jovens são as principais vítimas deste momento de regressão de direitos, e também os que podem mudar a situação. “Lutar é a melhor forma de enfrentar a situação. Precisamos politizar as lutas e provocar o debate com a sociedade”.
O diretor da Juventude da Feebbase, Thiago Nascimento, destacou que a ideia do evento é construir ações que reflitam o interesse dos bancários.
A segunda parte do Encontro da Juventude foi dedicado ao debate sobre o futuro do trabalho nos bancos. A secretária de Juventude da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil e diretora da Federação dos Bancários do Rio Grande do Sul, Luíza Bezerra, e o presidente do Sindicato da Bahia, Augusto Vasconcelos, foram os responsáveis por traçar um panorama da situação no país.
Luíza falou das dificuldades do mercado de trabalho, diante da realidade na qual mais de 30% dos jovens estão desempregados e boa parte dos que trabalham está na informalidade. Há também uma grande quantidade de autônomos, que trabalham cerca de 12h por dia, 7 dias por semana, ganhando pouco e sem direitos. O fenômeno ganha mais força com a crise econômica e a reforma trabalhista.
Impactos da tecnologia
O presidente do Sindicato da Bahia, Augusto Vasconcelos, falou sobre os impactos das novas tecnologias para o trabalho nos bancos. “Participei de um dos maiores congressos sobre novas tecnologias do mundo, onde pude constatar os avanços das ferramentas para automatização dos serviços bancários”.
Para Augusto Vasconcelos, os bancários não devem ser contra a tecnologia, mas contra o uso que se faz dela. Como é hoje, muitos trabalham mais e poucos ficam com as riquezas geradas por este trabalho. O setor bancário exemplifica bem esta realidade, com o contraste entre o aumento dos lucros dos bancos e a diminuição do número de postos de trabalho.
CARTA DE SAUBARA:
“A juventude bancária não está inerte diante dos ataques contínuos que a classe trabalhadora tem sofrido. Os retrocessos efetivados em nosso processo democrático afetam toda a sociedade, atingindo tanto os direitos trabalhistas e previdenciários, como também as garantias de condições de trabalho justas e dignas. As reformas e alterações legislativas realizadas e em curso contribuem para o empobrecimento da população e o aumento da desigualdade social, ao mesmo tempo em que frustram a expectativa do povo brasileiro por dias melhores.
Em contrapartida, apesar de todas as ameaças, o movimento sindical segue firme contra a exploração e a injustiça. Mesmo estando na mira do Governo Federal e do patronato, o sindicalismo assume seu protagonismo em defesa dos trabalhadores e do Estado democrático. A juventude bancária, consciente da conjuntura desafiadora, encara de frente os tempos difíceis e se alia aos sindicatos. Nós, jovens, sabemos que só com luta e união conseguiremos alterar o curso da realidade e construir uma nova história.
É inaceitável que os avanços tecnológicos, em vez de melhorarem as condições de trabalho a que somos submetidos, sirvam apenas para ampliar os lucros do sistema financeiro e resultem em prejuízos socioeconômicos para a maior parte da população. Por isso, nós que somos a juventude bancária, reafirmamos o compromisso de lutar pela garantia do emprego e dos direitos que a sociedade conquistou a duras penas. Não desistiremos de construir um futuro melhor. Somos jovens. Somos muitos. Somos fortes. Com nossa unidade, esperança e firmeza de propósito, trabalharemos incansavelmente por uma sociedade mais justa, solidária e igualitária!
Em defesa da organização sindical!
Em defesa dos empregos!
Em defesa dos bancos públicos!
Em defesa da Convenção Coletiva de Trabalho!
Em defesa da Saúde dos trabalhadores!
Contra os ataques aos direitos dos trabalhadores!
Em defesa da democracia!
Em defesa da soberania nacional!
Saubara (BA), 27 de outubro de 2019.”