Por Francisca Rocha
Os servidores públicos de todo o país amanheceram um pouco mais aliviados nesta segunda-feira (28) – Dia do Servidor Público – no Brasil.
Digo que amanhecemos com um certo alívio na mente e no coração porque o neoliberalismo sofreu mais uma derrota neste domingo (27), na Argentina com a eleição de Alberto Fernández e Cristina Kirchner contra o atual presidente Maurício Macri, que levou seu país à bancarrota, como Jair Bolsonaro e Paulo Guedes estão fazendo no Brasil.
O presidente brasileiro e o seu ministro da Economia cortam verbas dos investimentos nas áreas sociais, acabando com as políticas públicas de melhoria de vida para a população que mais necessita.
Corta investimentos principalmente da educação, da saúde e das políticas de direitos humanos e de combate à fome, não cria empregos e fazem e tudo para entregar as nossas estatais ao setor privado e as riquezas nacionais para conglomerados econômicos estrangeiros.
Ao mesmo tempo tira tudo dos mais pobres, a começar pelo atendimento do serviço público. Congelam nossos salários, não fazem novos concursos e o serviço fica defasado. Querem acabar com a estabilidade que temos no emprego e eliminar a necessidade de concursos para usarem as contratações como barganha política e se manterem no poder, usando o Estado para o bem estar de poucos, bem poucos.
Somos quase 11,5 milhões de servidoras e servidores no Brasil, 6,5 milhões municipais, 3,7 milhões estaduais e 1,2 milhões federais. Com os salários congelados por 20 anos através da Emenda Constitucional 95, que também impede a ampliação dos investimentos.
Os cortes mais drásticos têm sido na educação pública, que já ultrapassa os R$ 6,5 bilhões e o governo federal age para privatizar em princípio os níveis superior e médio.
No país, formamos um batalhão de creca de 2,5 milhões de professoras e professores, sendo quase 2,2 milhões na educação básica, sofrendo ataques de todo o tipo para impedir-nos de trabalhar com liberdade.
Em São Paulo, somente na rede estadual de ensino, somos quase 250 mil docentes e trabalhamos sem as mínimas condições necessárias para atuarmos de maneira condizente com a necessidade do estado mais populoso da nação.
O governador do estado, João Doria (PSDB) mostra claros objetivos privatistas e defende o ensino tecnicista, privilegiando as necessidades do mercado de trabalho, em detrimento dos valores humanos, além de projetarem a formação de mão de obra barata e sem a qualificação adequada.
Por isso, mais do que comemorações este 28 de outubro deve servir de reflexões sobre como nos uniremos para derrotar o projeto neoliberal em marcha no Brasil, destruindo nossas escolas, nossos hospitais públicos, nossos sonhos e o futuro da nossa juventude.
As servidoras e os servidores públicos do país merecem nossa admiração pelo atendimento prestado à população mesmo trabalhando em condições extremamente adversas. As professoras e professores da rede pública de ensino sabe muito bem o que é amor à profissão mesmo sem o reconhecimento pelo Estado desse fundamental trabalho para o nosso desenvolvimento.
Parabéns às servidoras e servidores públicos brasileiros, que o pesadelo de agora sirva para construirmos um futuro digno de todos nós e das novas gerações.
Francisca Rocha é secretária de Assuntos Educacionais e Culturais da APEOESP, secretária de Saúde da CNTE e dirigente da CTB-SP.