Os geógrafos explicam as tsunamis como ondas descomunais, com grande volume de energia, que ocorrem nos oceanos pela movimentação das placas tectônicas. Tal qual um terremoto, o maremoto tem seu epicentro — isto é, o ponto da superfície terrestre, nesse caso sob o oceano, a partir do qual se irradia — atingido em primeiro lugar e com maior intensidade pelo abalo sísmico.
Não é em vão que o 13 de agosto foi batizado como tsunami da educação. Neste momento de estremecimento — das políticas públicas, dos direitos sociais fundamentais e do próprio Estado Democrático de Direito —, a educação tem sido, de fato, um ponto fulcral a absorver os primeiros impactos que prenunciam a catástrofe. A onda gigantesca de estudantes, professores, técnicos administrativos e defensores da educação pública, gratuita, democrática e de qualidade socialmente referenciada é, portanto, consequência. Mais: é uma força da natureza, que não se pode conter.
No Congresso Extraordinário da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), realizado no fim de julho em São Paulo, apontamos a participação na mobilização do dia 13 como uma das prioridades de nosso plano de lutas. Se mantivéssemos a metáfora das ondas do mar e seu potencial cataclísmico, poderíamos dizer que, nesse volume de reação popular que se levanta, os professores e auxiliares de administração escolar das instituições privadas, que compõem a base da Contee, adensam tanto a base da onda que inundará as ruas quanto fazem crescer sua crista.
Por um lado, o da base, porque fazem parte da ampla parcela da sociedade civil organizada, sobretudo nas entidades educacionais, que defende a educação pública como basilar para um projeto soberano de nação, o qual está sendo fendido pelos tremores — e terrores — postos em prática pelo atual governo. Por outro, o da crista, porque é justamente uma antiga bandeira da Contee que precisa estar no auge das mobilizações para enfrentar os atuais ataques: a luta contra a mercantilização, financeirização, oligopolização e desnacionalização do ensino, visando a atender os interesses privatistas — que, não por acaso, estão dentro do próprio Ministério da Educação.
Faz-se imprescindível, como se vê, que inundemos as ruas, a exemplo das grandes mobilizações que realizamos nos dias 15 de maio (na greve nacional da educação), 30 de maio (com os atos convocados pelo movimento estudantil em defesa da educação pública) e 14 de junho (na greve geral da classe trabalhadora contra a reforma da Previdência). Que seja, sim, uma tsunami a destruir o atual cenário de ataques e que, depois dela, um outro projeto de educação (pública, gratuita, laica, inclusiva, crítica, de qualidade, acompanhada da regulamentação do ensino privado) se construa.
Por José de Ribamar Virgolino Barroso: coordenador da Secretaria de Finanças da Contee