Hoje (04), completam-se 69 dias de resistência ao golpe de Estado em Honduras. Para a ocasião, novas mobilizações ocorrem pelo retorno do presidente constitucional, Manuel Zelaya, e pela reinstalação da ordem democrática no país. Na quarta-feira passada (2), por conta do início das campanhas eleitorais, o Conselho de Ministros e Equipe do Governo Constitucional de Honduras divulgou um comunicado em que rechaça o processo eleitoral.
O dia de hoje é considerado um marco histórico para as mobilizações hondurenhas, pois se cumprem 69 dias de manifestações consecutivas. Segundo informações de agências, Juan Barahona, coordenador nacional da Frente Nacional contra o Golpe de Estado, afirmou que a quantidade de dias de mobilização se iguala, hoje, à greve bananeira de 1954. Até então, de acordo com o coordenador, nenhuma atividade de luta havia se igualado ou ultrapassado essa Greve.
Ontem (03), de acordo com informações da Via Campesina em Honduras, trabalhadores de instituições estatais, como da empresa Nacional de Energia Elétrica (ENEE), do Serviço Nacional de Aquedutos e Rede de Esgotos (SANAA), e da Empresa Nacional de Telecomunicações (HONDUTEL), começaram greves trabalhistas para participar dos protestos da resistência.
Os trabalhadores, segundo a Via Campesina, tomaram as instalações das empresas e afirmaram que estão sendo afetados com o governo de Micheletti. Os manifestantes relataram que muitos trabalhadores foram despedidos e, nos seus lugares, novos empregados são contratados por recomendações do governo golpista. Além deles, professores e outros funcionários públicos decidiram não trabalhar durante dois dias para acompanhar as atividades da Frente de Resistência contra o Golpe e fortalecer o movimento.
As manifestações contra o governo golpista não se resumem às mobilizações da Frente Nacional. Na última quarta-feira, o Conselho de Ministros e a Equipe do Governo Constitucional da República divulgou um comunicado em que consideram ilegítimas as eleições gerais convocadas para o próximo 29 de novembro por Micheletti.
De acordo com o comunicado, as eleições gerais hondurenhas só podem ser realizadas após a volta da ordem constitucional do país. "O processo eleitoral espúrio só aprofunda a confrontação entre os hondurenhos e a condenação de Honduras a um permanente isolamento da comunidade internacional com nefastas consequências, particularmente para os eternamente excluídos dos benefícios do desenvolvimento e da política. Em um Estado militarizado é inconcebível um processo eleitoral", considera.