O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), afirmou nesta terça-feira (14) que as amarras impostas pelo teto de gastos entrelaçada com a falta de crescimento econômico pode levar o Brasil a um “colapso social” nos próximos anos.
Falou a investidores em Nova York reunidos pelo banco BTG Pactual.
Ele revelou que parou de exortar “há 30, 40 dias” a capacidade da reforma da Previdência de ressuscitar a economia brasileira, devido ao problema iminente causado pela excessiva rigidez orçamentária.
Ainda que tardia, a “nova” percepção do parlamentar carioca é louvável na medida em que inaugura uma pequena divergência com o pensamento único dominante, martelado diuturnamente pela mídia hegemônica, começando pela Rede Globo, cujos jornalistas entoam incansavelmente o cantochão de que sem reforma não há solução para os males da economia. Querem criar uma unanimidade burra, impor um consenso insensato.
Maia reconheceu o que há muito é óbvi: “a falência da qualidade dos serviços públicos em todos os entes” da federação. Convém lembrar que o “novo regime fiscal” foi imposto no governo Temer após o golpe de Estado de 2016, que afastou a presidenta Dilma Rousseff por meio de um impeachment inconstitucional, dado a ausência de crime de responsabilidade. O presidente da Câmara apoiou a insensatez, agora condenada até pelo economista André Lara Resende.
Michel Temer, hoje preso por corrupção, também promoveu uma reforma trabalhista que subtraiu direitos da classe trabalhadora, flexibilizou a legislação trabalhista e extinguiu a Contribuição Sindical para enfraquecer o movimento sindical. Além disto, iniciou a entrega do pré-sal.
Dizia, com apoio da mídia e das classes dominantes, que eram medidas “essenciais” para estabilizar a economia, resgatar a confiança dos empresários e retomar o crescimento. Mas ocorreu o contrário, conforme preveniram os críticos. A eleição de Jair Bolsonaro foi o coroamento do golpe de Estado de 2016. O capitão neofascista não só deu continuidade à agenda de Temer, colocando em primeiro plano a reforma da Previdência, como uma proposta bem pior do que a do seu antecessor que aponta para a privatização do sistema previdenciário e o empobrecimento sistemático dos idosos. O líder da extrema direita está radicalizando a orientação neoliberal e o resultado, que aos poucos vai ficando notório, é o agravamento da crise política, econômica e institucional, que castiga o povo brasileiro. Não se trata de uma tese esquerdista, é a realidade que nos fala, aos gritos e não adianta fazer ouvidos moucos.
Umberto Martins