Destruição da organização é um gesto político contra um recente passado de construção da integração sul-americana, através das presidências de Chávez (Venezuela), Lula (Brasil), Kirchner (Argentina), Evo (Bolívia), Correa (Equador) e Lugo (Paraguai)
Por Ana Prestes
– Uma imagem emocionou o mundo nesta segunda-feira (15). A catedral de Notre Dame, em Paris, em chamas. O fogo começou por volta das 19h, horário de Paris. A igreja de estilo gótico, que data de 1163, passava por obras de restauração. Outro incêndio já a havia atingido em 1871. “Nós vamos reconstruir Notre Dame”, disse Macron às portas da catedral. Na medida em que o fogo avançava, a preocupação dos bombeiros era de que a estrutura não desabasse, e parece que não há risco de desabamento. As duas torres também ficaram preservadas. O teto e a agulha principal (de 93 metros e marca da catedral) foram destruídos. O presidente Trump dos EUA, que sempre gosta de roubar a cena, tuitou durante o incêndio que era preciso usar tanques de água aéreos e rápido, ao que os bombeiros franceses (quando questionados) responderam que seria colapsar de vez toda a estrutura e os imóveis adjacentes. Enfim, o monumento é o mais visitado da Europa, segundo o Le Monde, recebendo cerca de 13 milhões de visitantes por ano e foi imortalizado na literatura mundial através da obra de Victor Hugo, “O Corcunda de Notre Dame”.
– Uma nota do Itamaraty emitida nesta segunda (15) informou que o governo brasileiro denunciou o Tratado Constitutivo da Unasul, formalizando assim sua saída da organização. A decisão já havia sido comunicada ao Equador que é o país depositário do acordo e onde está a sede da organização, próxima ao monumento Mitad del Mundo e que é um dos mais modernos edifícios do Equador. A nota informa que data de abril de 2018 a decisão de Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Paraguai e Peru de romper com a Unasul, por fim também se juntou a Guiana. Está em andamento a construção de outra entidade, o Foro para o Progresso da América do Sul (Prosul). Segundo a nota, o Prosul “terá estrutura leve e flexível, com regras de funcionamento claras e mecanismo ágil de tomada de decisões”. A destruição da Unasul é um gesto político contra um recente passado de construção da integração sul-americana, através das presidências de Chávez (Venezuela), Lula (Brasil), Kirchner (Argentina), Evo (Bolívia), Correa (Equador) e Lugo (Paraguai). Acabar com a Unasul é acabar com um legado do ciclo progressista da América Latina do princípio do século XXI.
– O Grupo de Lima se reuniu nesta segunda (15). Estiveram Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, Panamá, Paraguai, Peru, observadores do Equador e representantes da oposição venezuelana. A nota oficial do encontro é um texto sobre a Venezuela em que pedem para o secretário-geral da ONU, a Agnu (Assembleia Geral) e o CS (Conselho de Segurança) para que “tomem medidas para evitar maior deterioração da paz e segurança na região”. Pedem também assistência humanitária para o país. Apelam para Rússia, China, Cuba e Turquia para que deixem de apoiar Maduro. Convidam México, Uruguai e Bolívia a se juntarem ao grupo. Rejeitam qualquer ameaça ou ação que implique intervenção militar na Venezuela e condenam “ingerência estrangeira” (Rússia e China) e pedem retirada dos serviços de inteligência, segurança e forças militares mobilizados sem respaldo dos venezuelanos (recado para Rússia e China). Próxima reunião deve ser na Guatemala.
– Bolsonaro não será mais homenageado no Museu de História Natural de Nova Iorque. O museu emitiu nota nesta segunda (15) dizendo que não vai aceitar sediar uma cerimônia em homenagem ao presidente Bolsonaro. Na nota, a direção alega que alugou o espaço sem saber quem seria homenageado. O evento para o qual o espaço seria destinado é a premiação da “Pessoa do Ano” da Câmara de Comércio Brasil-EUA a ser realizado no dia 14 de maio. O evento é anual desde 1970 e conta com cerca de mil convidados que pagam até 30 mil dólares por entrada para o jantar de gala. O prefeito de Nova Iorque, Bill de Blasio, do Partido Democrata, também já havia se pronunciado contrariamente à homenagem no museu ao chamar Bolsonaro de “um ser humano perigoso”. Em resposta, um assessor internacional de Bolsonaro, Filipe Martins, chamou De Blasio de “toupeira” e de “comunista”. Ano passado o brasileiro homenageado pelo prêmio foi Sérgio Moro.
– Apesar de comemorar a vitória do Partido Social Democrata (SPD) na Finlândia, muitos finlandeses estão preocupados com a ascensão do partido de extrema direita Verdadeiros Finlandeses, que ficou apenas uma cadeira parlamentar atrás do SPD. O foco do partido é o movimento anti-imigração. A Finlândia assume a presidência da União Europeia no próximo mês de julho.
– Na corrida para o parlamento europeu, o partido Verdadeiros Finlandeses já anunciou sua aliança com os partidos de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), Partido Popular Dinamarquês (DPP) e Liga (Itália). Segundo Matteo Salvini, líder da Liga, a ideia é “fazer da “Aliança Europeia dos Povos e das Nações” o grupo europeu mais numeroso, vencer e mudar a Europa”.
– Foi revelada nos últimos dias uma reunião do “think tank” norte-americano Centro de Estudos Internacionais e Estratégicos (CSIS) no último 10 de abril, em que foi realizada uma mesa intitulada “Avaliando o uso da força militar na Venezuela”. A lista de cerca de 40 convidados conta com funcionários de alto nível de embaixadas da Colômbia e do Brasil. A revelação foi feita pelo jornalista Max Blumenthal, que teve acesso à lista de convidados. O diplomata brasileiro presente seria Carlos Velho. Cópia da lista de convidados está disponível no twitter do jornalista @MaxBlumenthal.