As promessas da reforma trabalhista do governo golpista de Michel Temer não se transformaram em realidade. Disseram que seria um santo remédio contra o desemprego, mas os fatos indicam que ela só serviu aos interesses do patronato de reduzir o custo da força de trabalho através de uma radical precarização dos contratos. O flagelo do desemprego continua castigando milhões de famílias proletárias e é sentido sobretudo por jovens e mulheres.
Enquanto no Brasil, em seu conjunto, o número de trabalhadores desalentados, que simplesmente desistiram de procurar emprego, aproxima-se de 5 milhões, em São Paulo a taxa de desemprego entre os jovens alcança 28%, segundo pesquisa realizada pela Rede Nossa São Paulo e Ibope Inteligência.
Questão grave
No total dos entrevistados, 40% declararam que não têm ocupação, o que inclui desempregados, aposentados, donas de casa e estudantes. O percentual de paulistanos que se declararam desempregados foi de 15%. Cerca de um terço estão sem trabalhar há mais de 2 anos.
“Os jovens aparecem com 28% de desemprego, o que é quase o dobro da taxa geral que a gente viu. Isso é uma questão grave que faz com medidas tenham que ser tomadas”, afirma o coordenador da Rede Nossa São Paulo, Jorge Abranhão.
Quase metade dos paulistanos (48%) afirmou que não há nenhuma oportunidade de emprego na região onde mora. As regiões que mais sentem a desigualdade na oferta de trabalho são a Leste (51%) e a Norte (49%).
Periferia sofre mais
Na média geral da cidade, os entrevistados empregados gastam 1h43 no trajeto em que fazem entre casa e trabalho. Já na Zona Leste, o tempo aumenta para 1h50; e na Zona Norte, para 1h47.
“A oferta de emprego é muito baixa nos locais mais distantes da região central. Quando a gente faz uma pesquisa dessa, a gente pretende revelar dados que possam ser geradores de políticas que transformem. Quando vemos essas disparidades, a Prefeitura pode ser uma indutora de geração de oportunidades. O próprio tempo de deslocamento das pessoas mostra que essa geração de empregos mais próximos é uma necessidade de melhoria para a qualidade de vida”, diz Abrahão.
A percepção de que as mulheres têm menos oportunidades no mercado de trabalho também é sentida por 47% dos entrevistados. Quando se analisam os dados somente dos homens, no entanto, apenas 33% dos entrevistados reconhecem essa diferença.
Perfil do entrevistado
Na pesquisa “Trabalho e renda. Viver em São Paulo” foram entrevistadas 800 pessoas acima de 16 anos entre os dias 4 e 21 de dezembro de 2018. Entre os consultados, 53% são mulheres e 47% homens.
A renda vai até dois salários mínimos para 36% dos entrevistados, de dois a cinco salários para 30% e mais de cinco para 24%. Do total, 51% se declararam brancos, 46% pardos ou pretos e 3% outros.
Com informações das agências