Os escândalos patrocinados pelo filho do presidente evidenciam a falsa moral que orienta o atual governo, eleito com a promessa demagógica de que vai combater a corrupção. Pior do que o enriquecimento relâmpago e depósitos milionários inexplicáveis é a relação, estranha e perigosa, de Flavio Bolsonaro com as milícias cariocas e o crime organizado. E o justiceiro Moro, grande herói dos nossos coxinhas, continua calado.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) recebeu da Polícia Federal (PF) um inquérito que investiga o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) por falsidade ideológica eleitoral e lavagem de dinheiro. O caso foi revelado por reportagem do jornal “O Globo” desta quarta-feira (6). O inquérito mira “negociações relâmpagos” de imóveis que resultaram num vertiginoso e inusitado aumento patrimonial do filho do presidente.
Suspeita-se que o senador lavou dinheiro por meio da compra de imóveis e declarou à Justiça Eleitoral o valor de um apartamento abaixo do preço real. O caso corria em sigilo no Rio de Janeiro e foi remetido à PGR após a eleição de Flávio.
Em nota, Flávio Bolsonaro busca tapar o sol com peneira. Afirma que a denúncia é “desprovida de fundamentação” e insinua que foi feita por um advogado ligado ao PT “com o único intuito de provocar desgaste político dos adversários”. Nem de longe procura justificar o milagre do substancial aumento de patrimônio.
Caberá à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, decidir se encaminha o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF) ou se mantém as apurações na primeira instância. Vejamos se o comportamento da PRG não será o mesmo do ministro Luiz Fux, que determinou a paralisação das investigações contra o filho do presidente.
A procuradoria diz que o caso será analisado “sob a ótica” do recurso julgado no Supremo que restringiu o foro privilegiado de deputados e senadores a crimes cometidos no exercício do mandato e relacionados à função. Neste caso não cabe o foro privilegiado, uma vez que as investigações foram abertas antes de Flávio assumir o mandato de senador, para o qual foi eleito em outubro do ano passado.
O inquérito deve permanecer na primeira instância, já que até 2018 ele era deputado estadual no Rio e em maio do ano passado o STF reduziu o alcance do privilégio usufruído por deputados e senadores a processos sobre crimes cometidos durante o mandato e relacionados ao exercício do cargo parlamentar. Com cara limpa, o senador rebate as críticas, escamoteia as evidências e finge que não é com ele. Sabe que tem as costas largas e teve nesta quarta-feira (6) provas da cumplicidade do partido pelo qual se elegeu, o PSL (o mesmo do pai), que acaba de indicá-la para integrar a Mesa do Senado. É mais um escândalo com cheiro de pizza.
Umberto Martins, com informações das agências