Por Fernando Brito*
Amanhã, completam-se dois meses que vieram à tona as movimentações financeiras milionárias na conta de Fabrício Queiroz, amigo de família, assessor, motorista e recrutador de funcionários de Flávio Bolsonaro.
Sacados deste tempo os 15 dias em que Luís Fux protegeu o “garoto” de investigações, ficam 45 dias de absolutamente nada em matéria de investigações e de interrogatório dos envolvidos na movimentação de R$ 7 milhões. Flávio foi convidado a falar pelo MP e ignorou. Fabrício, idem, quatro vezes, com direito a dancinha nas redes sociais.
Tudo o que apareceu veio dos relatórios do Coaf e do trabalho de investigação da imprensa.
A novidade do caso, agora, é sua entrega a um promotor – Cláudio Calo – que segue e replica, nas redes sociais, as postagens de Carlos Bolsonaro, irmão de seu investigado.
Lauro Jardim, que vinha sendo o canal das informações veiculadas sobre o caso, publica, não por acaso, em sua coluna:
“Em sua conta no Twitter, Calo retuíta o Carlos Bolsonaro num post em que o 02 crítica a imprensa e defende o pai, mostra-se afinado com a ordem bolsonarista e reproduz entrevistas com Flávio Bolsonaro”.
Não é possível que tenha passado despercebida ao Ministério Público o “acaso” de ter posto nas mãos de alguém politicamente engajado nas redes bolsonaristas a investigação que envolve o próprio clã Bolsonaro.
Impossível que não se venha a achar que foi deliberado e o promotor perca credibilidade.
Não creio que se consiga, com tanta pressão da imprensa, abafar o caso Flávio-Fabrício.
Mas isso não quer dizer que não se consiga: afinal, o caso Marielle Franco está aí para lembrar que a lei não é para todos, mas a impunidade é para alguns.
Atualização às 12h: O conflito era tão óbvio que vem a informação, também por Lauro Jardim, que Calo deverá deixar o caso. Menos mal, mas um vexame para o MP.
*Jornalista, editor do Blog Tijolaço