Celina Arêas, secretária da Mulher Trabalhadora da CTB, foi entrevistada pelo site Sputnik Brasil sobre o Dia de Luta pela Descriminalização do Aborto na América Latina e Caribe – 28 de setembro -, instituído no 5° Encontro Feminista Latino-Americano e Caribenho, realizado em 1999.
O aborto é legalizado sem restrições na região somente em Cuba, Guiana Francesa, Guiana, Porto Rico e Uruguai. No Brasil, a interrupção da gravidez só é permitida em casos de estupro, risco de morte da mãe e em casos de fetos anencéfalos (sem cérebro).
Conforme dados do Ministério da Saúde, 1 milhão de abortos induzidos ocorrem no Brasil todos os anos e levam 250 mil mulheres à hospitalização. Nos últimos dez anos, o Brasil teve entre 9,5 milhões e 12 milhões de abortos provocados. Entre 2008 e 2017, o Sistema Único de Saúde gastou R$ 486 milhões com intervenções por aborto, sendo 75% deles provocados. Nesse período foram internadas 2 milhões e 100 mil mulheres.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a proibição além de não reduzir o número de abortos, acaba aumentando os procedimentos inseguros. Globalmente, mais de 25 milhões de abortos inseguros (45% do total) ocorrem anualmente. A maioria é realizada em países em desenvolvimento na África, Ásia e América Latina.
“As mulheres que tem dinheiro, fazem (abortos). O problema somos nós, mulheres trabalhadoras, negras, de periferia, que não temos condição de fazer esse aborto pagando”, afirmou à Sputnik Brasil Celina Arêas, Secretária Nacional da Mulher Trabalhadora da CTB.
Em agosto, o Supremo Tribunal Federal começou a debater a questão da legalização do aborto até a 12ª semana de gravidez, após uma ação ajuizada no ano passado pelo PSOL. Na ação, o partido pede que o aborto feito até a décima segunda semana de gestação não seja considerado crime conforme o Código Penal brasileiros, que é de 1940, pois a criminalização do aborto leva muitas mulheres a recorrer a práticas inseguras, provocando mortes.
Segundo a Pesquisa Nacional de Aborto, do Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero, 78% das mulheres que decidem pela interrupção da gestação já possuem filhos e 65% delas são casadas ou estão em relacionamentos estáveis.
Confira a entrevista de Celina na íntegra:
Fonte: Sputnik Brasil