Em maio escrevi um artigo logo após a votação da nova regra eleitoral que redefiniu os percentuais do fundo partidário, garantindo 30% dessa verba para as candidaturas de mulheres, e determinando que os partidos terão que aplicar o percentual tanto na questão econômica quanto na propaganda, observando a distribuição do tempo de rádio e televisão no horário eleitoral do pleito de 2018.
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No referido artigo, chamava a atenção para que as mulheres se colocassem na disputa dos cargos eletivos, principalmente no parlamento, para que os partidos fossem obrigados a cumprir a lei.
Referendando a campanha “mais mulher na política”, em que diversos movimentos feministas, de jovens, sindicalistas, parlamentares e tantas outras organizações sociais que simpatizam com a causa fizeram ecoar pelo Brasil, esperava-se que a eleição de 2018 trouxesse para a arena eleitoral um número mais expressivo de mulheres em condições de disputar os diversos cargos tanto no parlamento (deputadas estaduais, federais e senadoras) quanto no executivo (presidentas, governadoras e vices presidentes e governadoras), só que não.
Após a data limite do Tribunal Superior Eleitoral – TSE para registro de candidaturas o que se vê é a repetição das edições anteriores: limite da cota de 30%, nomes com pouca expressão na cena política e a maioria focada nos cargos de menor expressão (deputada estadual) e pouca renovação, principalmente nos setores ligados à maioria da população que são os/as trabalhadores/as pobres e negros/as.
Nesta eleição o percentual está menor que em 2014 (31,1%), esbarramos em 30,7%, e o que é mais grave, a maioria das mulheres faz parte das listas dos partidos de direita, com viés conservador e uma forte sinalização de que estão apenas cumprindo as cotas, ou seja, são laranjas dos homens.
Esse dado gera mais um desafio, já observado e amplamente discutido pelos movimentos feministas e sociais: “Não basta ser mulher”. A expressão se refere ao perfil das candidatas que agregam valores na disputa do pleito. Este valor está no compromisso com as causas sociais e com as necessidades e perspectivas futuras das mulheres.
As contradições se apresentam mais uma vez, estamos diante de uma encruzilhada histórica, ou lutamos com tenacidade para vencer nas urnas os promotores do golpe de 2016, inclusive as mulheres que não nos representam, ou veremos nossas conquistas escaparem por entre os dedos com a eleição de um congresso mais reacionário e conservador do que o atual, reforçado por governos de direita ligados em sua maioria ao setor empresarial, do agronegócio, do judiciário, da religião e da comunicação e com nenhum compromisso social e com a classe trabalhadora.
Para enfrentar este desafio, em vários estados do país mulheres da CTB estão concorrendo a cargos nas casas legislativas e no executivo – todas comprometidas com a agenda da classe trabalhadora e com as forças políticas progressistas.
Vamos à luta, escolher representantes que estejam do lado dos que lutam por um mundo mais justo e igualitário, sem discriminação ou preconceito de classe, gênero, raça, religião, orientação sexual e tantas outras condições que se impõem à vida humana.
Raimunda Gomes é secretária de Imprensa e Comunicação da CTB
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