Quando teve início a Revolução Industrial na Inglaterra, no século 18, as fábricas contratavam trabalhadores sem nenhum direito. A jornada de trabalho chegava a 18 horas por dia. Não existiam benefícios. Se um operário se acidentava ou morria nas máquinas, logo era substituído por outro. Afinal, trabalhadores desesperados ficavam junto às portas das fábricas, em busca de emprego para não morrerem de fome. Pouco se pagava, muito se exigia. Morrer de exaustão era algo comum.
Foi diante desse cenário caótico que os trabalhadores começaram a se reunir para protestar contra abusos e injustiças, reivindicar jornadas e salários mais dignos, além de exigir condições de trabalho que não pusessem em risco sua saúde e segurança. Com o passar do tempo, essa associação de trabalhadores progrediu para o que hoje é a maior conquista de qualquer categoria: o Sindicato.
Certa vez, Abraham Lincoln (1809-1865) – o presidente dos Estados Unidos que aboliu a escravidão – afirmou que “democracia é o governo do povo, pelo povo, para o povo”. Podemos dizer, da mesma maneira, que o sindicato é a entidade dos trabalhadores, pelos trabalhadores, para os trabalhadores. Grandes empresários e capitalistas buscam esmagar o trabalhador e tirar o máximo de lucro, sem se importar com o bem-estar e a vida das pessoas. É contra essa exploração que o movimento sindical luta há mais de dois séculos, numa história de avanços e conquistas – mas também de dor e sofrimento.
Não são poucos os sindicalistas perseguidos, agredidos, criminalizados, torturados e mortos. São trabalhadores que ousaram lutar para que, hoje, todos nós tenhamos melhores condições de vida. Muitos foram sequestrados e permaneceram desaparecidos, sem que suas famílias saibam onde eles foram parar e o que aconteceu. Quantos sindicalistas não perderam a vida sem terem sequer se despedido de seus entes amados? Esses trabalhadores nos deixaram um legado de luta e resistência – um ensinamento de que é possível mudar a realidade pela via do combate e da perseverança.
Por isso, cabe a todos nós – é nosso dever cotidiano – valorizar o que sempre foi e sempre será a maior conquista dos trabalhadores: o nosso Sindicato. É um patrimônio que seguirá adiante, defendendo as gerações atuais e futuras, para que nossos filhos herdem o fruto de nossas lutas.
O futuro de todos os que amamos depende do que hoje fizermos. Não queremos mais escravos dos capitalistas – mas, sim, trabalhadores com direitos e qualidade de vida. Este é o nosso momento. Recebemos um legado e temos o dever de passá-lo adiante, de uma forma melhor. Essa é a nossa luta. De todos nós. Trabalhadores e trabalhadoras.
Sérgio Miranda é membro da direção plena da Fitmetal (Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil) e diretor sindical do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari (BA).
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