No Brasil, em 2008, aconteceram 411 greves, representando um aumento de 30% em relação às 316 greves ocorridas em 2007. Estes dados foram divulgados recentemente num estudo feito pelo DIEESE.
Diferentemente de anos anteriores em que a maioria das greves ocorria no setor público, em 2008, a incidência maior de greves ocorreu no setor privado. Segundo o supervisor de pesquisas sindicais do DIEESE Luís Augusto Ribeiro da Costa “quase 70% das greves realizadas no ano passado mantiveram o caráter propositivo. Ou seja, foram feitas para buscar novas conquistas ou ampliar direitos já conquistados”. Mesmo não tendo contabilizado exatamente o número de grevistas, o DIEESE afirma que, pelo menos 2 milhões de pessoas participaram de 256 dessas paralisações.
Buscando uma explicação para esse aumento significativo do número de greves, os especialistas do DIEESE apontam como principal causa o significativo crescimento da economia verificado nos três primeiros meses de 2008. Na época, um estudo feito pelo economista Márcio Pochmann revelava que o índice de sindicalização voltava a crescer atingindo 18,35% dos trabalhadores ocupados. Altamiro Borges, no seu livro “Sindicalismo, Resistência e Alternativas” também localizava no crescimento econômico e em causas de ordem política- como a corrida pela sindicalização promovida pelas entidades sindicais visando a legalização das Centrais e a não criminalização das lutas sociais e grevistas por parte do Governo Lula – os fatores que explicavam o aumento do número de sindicalizados.
Quando analisamos em que pé se encontra o movimento sindical, se está em ascensão ou em descenso, além dos critérios qualitativos, há alguns critérios quantitativos básicos que levamos em consideração: número de sindicalizados, número de greves e de grevistas, número de participantes nas assembleia, número de participantes nos atos e diversas manifestações públicas, entre outros. Esses critérios nos levavam à conclusão que o movimento sindical já apresentava uma recuperação, mesmo que tímida, da profunda crise na qual esteve envolvido a partir da implantação do neoliberalismo implantado no país, a partir do início dos anos 90 do século passado.
Futuras pesquisas apontarão a situação do movimento sindical em 2009, impactado pela crise profunda do sistema capitalista, em nível mundial. Mas de qualquer maneira, o que é importante registrar, revelado pelos dados coletados nas pesquisas, é que o crescimento da economia tem um impacto positivo na ascensão do movimento sindical. Os trabalhadores e as trabalhadoras sentem-se mais encorajados a lutar quando há um crescimento do número de postos de trabalho: sindicalizam-se em maior número, demonstram maior disposição a participar da luta pelos seus direitos, inclusive estimulando o movimento grevista.
O Projeto Nacional de Desenvolvimento com Valorização do Trabalho e Distribuição de Renda -bandeira fundamental defendida pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB – se efetivamente implantado, por um lado melhora a qualidade de vida do povo brasileiro e, por outro, estimula a sua participação rumo à conquista de novos direitos. Ao lutar por novos direitos , os trabalhadores e trabalhadoras tenderão a se conscientizar mais do sistema de exploração a que estão submetidos, em que minorias privilegiadas os exploram fortemente no campo e na cidade. E ao se conscientizarem, compreenderão, de forma mais adequada, a necessidade de chegarmos a um outro modo de produção e distribuição das riquezas,de qualidade muito superior, justo e equitativo, ou seja, o socialismo.
Augusto César Petta é professor e Coordenador Técnico do Centro de Estudos Sindicais-CES