Até agora não foram identificados os autores dos três tiros que atingiram os ônibus que conduzem o ex-presidente Lula na sua Caravana pelo Sul do país. As balas foram disparadas em Laranjeiras do Sul, no Paraná. Possivelmente, os criminosos nunca serão apresentados, visto que as polícias daquele estado demonstraram uma omissão conivente e assistiram passivas às agressões contra os integrantes da comitiva ocorridas nos dias anteriores.
O atentado tem que ser interpretado como uma tentativa de homicídio e deve ser severamente denunciado por todos, pois representa mais um grave episódio na preocupante escalada da violência reacionária que o Brasil assiste nos últimos tempos. Não é um fato isolado. Só nos últimos dias, somam-se vários crimes de mesma natureza.
Há uma semana, homens armados invadiram um hospital em Parauapebas (PA) e executaram a tiros Waldomiro Costa Pereira, um dos principais líderes do Movimento dos Sem Terra (MST) na região. A vítima estava internada após sofrer um ataque, talvez pelos mesmos, dois dias antes do assassinato. No último domingo, em Maricá (RJ), foram executados cinco adolescentes. Sem passagem pela polícia, Matheus Bittencourt, Marco Jonathan, Sávio Oliveira, Matheus Baraúna e Patrick da Silva levavam a vida ensinando crianças a cultura do rap e da rima, no ofício de educadores sociais. A investigação aponta que a chacina foi praticada pela milícia, que incluiu os jovens artistas na triste estatística de que a cada 23 minutos um jovem negro morre no Brasil.
Estatística que incorporou também a vereadora Marielle Franco, do Psol do Rio de Janeiro. Defensora dos direitos humanos e das populações pobres, dedicava seu mandato em denunciar as arbitrariedades e crimes praticados por policiais contra a população das favelas. O crime abalou o Brasil e o mundo, mas infelizmente pode ficar sem solução, já que os mesmos que são responsáveis pela apuração fazem parte de instituições que podem estar envolvidas.
O Brasil e o mundo já viveram um momento semelhante ao que estamos passando, quando a violência política aumenta e é alimentada pela mídia monopolizada, pela pregação do ódio praticada por políticos de direita, pela omissão, ou mesmo participação, de setores do Judiciário e da polícia. O que cresce a cada dia no Brasil tem nome: Fascismo. O que assistimos é a mesma ação dos criminosos conhecidos como Camisas Negras na Itália de Mussolini e dos Camisas Pardas da Alemanha de Hitler. Milícias formadas por criminosos que no uso de violência extrema dissolviam reuniões e atacavam as sedes de sindicatos, partidos e outras organizações dos trabalhadores e democratas.
Os tiros que tentaram atingir o ex-presidente Lula não alcançaram seu objetivo direto, mas atingiram em cheio a nossa combalida democracia. O Brasil tem que transformar este atentado em um divisor de águas. Que daqui para frente invertamos o rumo da marcha ao fascismo e voltemos a caminhar em direção da construção de uma nação unida, tolerante, onde todos convivam harmoniosamente e construam juntos, respeitando todas as diferenças, uma pátria que cuida dos seus filhos e os alimenta de vida e não os condene à morte.