O resultado extraordinário da união dos servidores públicos municipais – entre ativa e aposentados cerca de 220 mil – e suas entidades sindicais dos professores, engenheiros, arquitetos, médicos, servidores e guardas municipais e todas as categorias do funcionalismo público, com o apoio da população, proporcionou o avanço da luta democrática e da defesa de direitos sociais. Esta vitória extrapola em muito o âmbito da cidade paulistana.
Os servidores, executores de políticas públicas, numa demonstração crescente de unidade, coragem, maturidade e sabedoria política dialogaram com a população nos ambientes de trabalho, nas escolas com os pais e alunos, nas repartições públicas e reverteram a ideia formada pela mídia e propaganda paga pelo prefeito – que se utilizou covardemente da repressão – de que o servidor tinha que sangrar e aviltar seus direitos da Previdência Social, aumentando a alíquota de 11% para 14%, chegando, em alguns casos, em até 19% em suas contribuições.
O recuo dos vereadores governistas, no início da noite desta terça-feira (27/03), em função da pressão (iniciada desde o início de março) de mais de 80 mil servidores em frente à Câmara Municipal por diversos dias, que não obtiveram maioria para aprovar o projeto do prefeito, proporcionou uma lição emblemática e vibrante para todos.
Ressalte-se a atuação vigorosa, combativa e inteligente dos vereadores da bancada oposicionista e dissidentes governistas, alinhada com os interesses legítimos da cidade e da população.
Cenas épicas devem ser resgatadas neste processo de mobilização. O apoio em peso dos professores municipais, dos pais e alunos do ensino fundamental, indo à manifestação com placas “Não batam em minha professora” foram impactantes.
A adesão do sindicato dos guardas municipais entrando com roupa branca e com balões brancos fez o público vibrar.
Esta pressão gabinete a gabinete, em suas bases eleitorais nos bairros, fez o “milagre” de sensibilizar vereadores governistas.Num momento de perdas de direitos trabalhistas no País, de pressão contra o sindicalismo, a atuação e vitória dos servidores municipais e da população paulistana têm um significado e um exemplo enormes à luta democrática no País.
É preciso continuar mobilizados e atentos em relação ao adiamento por 120 dias da votação deste projeto de lei.É preciso tirar as lições desta jornada épica.
Allen Habert é engenheiro de produção, diretor do SEESP e da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU)