O anúncio que de que a proposta de Emenda Constitucional da chamada “reforma da previdência” foi suspensa e retirada de pauta da Câmara dos Deputados deve ser festejado como a maior vitória da classe trabalhadora e do campo progressista desde o impeachment de 2016.
Depois de um ano sofrido e de grandes perdas para o povo brasileiro, o movimento sindical pôde, e assim o fez, mostrar sua força, sua importância e seu poder de organização, mobilização e de influência.
Medidas antissociais e a redução de investimentos na área social, imposta pelo atual governo federal em nome de uma opção política pela austeridade, aumentou o desemprego, diminuiu o consumo e enfraqueceu nossas indústrias giraram para trás a roda da história do Brasil. Uma dessas medidas, a reforma trabalhista, da maneira que foi executada, visa justamente retirar direitos, enfraquecer, calar e aniquilar as organizações dos trabalhadores.
Mas, a boa notícia é que, apesar de tudo, não nos calamos. Mostramos que somos fortes e organizados o suficiente para sobreviver a esta má fase. Se, por um lado o ano de 2017 foi marcado por um rolo compressor social e político, por outro ele também será lembrado por grandes manifestações reivindicativas e de resistência. Isso porque, parafraseando Gilberto Gil “Já não somos como na chegada; Calados e magros, esperando o jantar”. Hoje o Brasil já é outro.
Mesmo que, com uma canetada o presidente da república se preste a anular direitos e conquistas trabalhistas consolidados em lei desde 1943, ele não pode anular cem anos de aprendizado, organização e formação política e social.
A intenção do governo Temer, de colocar a agenda da segurança pública na ordem do dia – com vistas até a uma possível candidatura do atual presidente – não pode ofuscar o protagonismo da resistência da classe trabalhadora.
As centrais sindicais, neste contexto, exerceram seu papel com maestria, aglutinaram setores sociais, foram hábeis em combinar negociação e pressão e – legitimamente – lideraram a organização dos trabalhadores e trabalhadoras nesta batalha. Vitória da mobilização, organização e sensibilidade social, orquestrada pelos sindicatos, federações e confederações.
Não foi a preocupação do Governo com a situação gravíssima do Rio de Janeiro que mudou a rota da reforma. A pressão exercida sobre o legislativo, a produção de documentos, cartilhas, posts, a dura tarefa de furar todo o tipo de bloqueio e esclarecer a população sobre o que estava em jogo com a reforma e desmistificar o jogo de cena do governo de “fim de privilégios” foi fator determinante.
Não podemos deixar a versão se sobrepor ao fato. E o fato é que, mesmo diante de uma inédita adversidade, que mostra seus dentes neste período pós reforma sindical e trabalhista, a classe trabalhadora manteve o foco, organizou suas forças e impôs uma Derrota, sim com “D” maiúsculo, aos tecnocratas do governo.
Por certo que o assunto voltará à tona na próxima legislatura, por certo que enfrentaremos outras duríssimas batalhas até mesmo para garantir o exercício democrático das eleições, privatização do setor elétrico, dentre tantas outras. Mas temos também que saudar, com entusiasmo, o vigor com que respondemos a esta que seria uma das mais duras agressões ao povo brasileiro.
A luta segue! Viva a luta dos trabalhadores e trabalhadoras!
Wagner Gomes é secretário-Geral da CTB
João Carlos Gonçalves – Juruna é secretário-Geral da Força Sindical
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