A segunda rodada de negociações para tentar colocar fim à crise política que se instalou em Honduras terminou sem consenso ontem (19) na Costa Rica. Representantes do governo interino do país rejeitaram o retorno do presidente deposto, Manuel Zelaya, ao poder. As informações são da BBC Brasil.
A volta de Zelaya à Presidência de Honduras havia sido proposta em um plano de sete pontos apresentado no último sábado (19) pelo mediador das negociações, o presidente costa-riquenho Oscar Arias.
Os representantes do presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti, no entanto, classificaram a proposta de “inaceitável” e afirmaram que Zelaya só poderá voltar a Honduras para ser julgado pelas acusações de crimes políticos.
“Digo ao companheiro Arias que sinto muito, mas as propostas que ele apresentou são inaceitáveis para o governo de Honduras, que represento. Particularmente a proposta número um [a volta de Zelaya ao poder]”, afirmou Carlos López, chanceler do governo interino de Honduras e chefe da delegação.
López afirmou ainda que a proposta de reconduzir Zelaya ao poder “fere os princípios de igualdade e soberania dos Estados” e representa “uma intromissão nos assuntos internos de Honduras”.
Horas antes, os representantes de Manuel Zelaya haviam afirmado aceitar a proposta de que ele fosse reconduzido ao poder para formar um governo de “unidade nacional” e disseram “estar dispostos a discutir os outros pontos” do plano de Arias.
Após as declarações dos representantes de Micheletti, no entanto, a delegação de Zelaya afirmou que as negociações estavam encerradas, embora não tenha descartado novas discussões.
O mediador Oscar Arias, por sua vez, pediu aos dois lados que as negociações sejam retomadas em um prazo de 72 horas e alertou que a crise política pode fazer com que Honduras mergulhe em uma guerra civil.
“Não foi possível chegar a um acordo satisfatório. A delegação de Zelaya aceitou completamente minhas propostas, mas não a de Roberto Micheletti”. Ao pedir a retomada das discussões, Arias afirmou que esse esforço, pode evitar um "derramamento de sangue em Honduras, o que o povo não merece”.