A Luta em defesa do Sistema de Organização Modular de Ensino contra as tentativas do Governo em implantar um modelo de educação alienador no Estado do Pará.
O Estado do Pará é um dos maiores do Brasil, tanto geograficamente, quanto culturalmente, e isso requer uma atenção especial e justa para atender as demandas sociais que naturalmente surgem no decorrer dos anos; e para suprir esta demanda, há mais de 3 décadas foi criado o Sistema de Organização Modular de Ensino, este que o maior programa de interiorização de conhecimento do Norte do País, o gigante do Norte, o popular SOME.
A metodologia utilizada é a pedagogia da alternância, em que o ano letivo dos alunos da Rede Pública Estadual são divididos em módulos, de modo que não há prejuízos na carga horária final anual; divide-se os 200 dias letivos em 4 módulos de 50 dias letivos cada, e em cada módulo são ofertadas blocos de disciplinas; assim, durante o ano os alunos nos rincões paraenses e nas regiões mais longínquas dos centros urbanos do estado do Pará tem acesso ao ensino médio nas suas localidades, ou bem próximos a elas.
Este modelo de Ensino rendeu ao Pará excelentes resultados, inclusive muitos egressos das salas de aula do SOME hoje atuam como professores nele, além de vários outros que ingressaram na Universidade e hoje são profissionais bem sucedidos, são Professores, Advogados, Médicos dentre muitos outros profissionais que hoje se consideram “Crias do SOME”.
E como tudo que liberta, esclarece, informa e politiza é nocivo aos maus governantes, o SOME vem enfrentando uma verdadeira guerra e ataques do então Governador tucano Simão Jatene, que inclusive está com o mandato cassado, e hoje governa por liminar até que a sua cassação definitiva ocorra. O Governador Jatene-PSDB do Partido que mais ataca os Servidores e Serviços Públicos, é um lesa Pátria apoiou a venda da Vale do Rio Doce para o Capital Estrangeiro, entregou a Central Elétricas do Pará, a CELPA, que foi vendida há um preço irrisório para empresas privadas, que muito provavelmente financiaram suas campanhas eleitorais, uma graciosa troca de favores; assim é o governo do PSDB, privatista.
Jatene agora quer “mais”, além de privatizar tudo aquilo que é do Povo, agora também quer Privatizar o Ensino (O CONHECIMENTO). A Rede Globo, irmã siamesa do PSDB, em Parceria com a Fundação Roberto Marinho é dona do que eles chamam de Modelo Moderno de Aulas, o SEI, Sistema Educacional Interativo, é uma reinvenção do que a rede globo televisionava, o Tele Curso, porém o intuito é aplicar isso na Educação Básica, ignorando as peculiaridades de nosso Estado com relação a geografia e principalmente estrutura.
As localidades onde o SOME é ofertado, por serem distantes das grandes cidades, possuem limitações estruturais, onde a comunicação é precária, e em muitas delas nem se quer temos energia elétrica. São longas estradas em péssimas condições em que um Professor pode passar até 24 horas viajando até a localidade, além de estradas, temos rios que nem sempre são trafegáveis diariamente, pois depende do horário das “marés” para a navegabilidade, alongando ainda mais estas viagens, e todas essas dificuldades estão sendo ignoradas pelo Governo do Estado do Pará.
O SEI é um programa financiado pelo BID – Banco Internacional de Desenvolvimento, um investimento de milhões de reais que está muito distante de resolver os problemas da Educação Pública Paraense, o que Simão Jatene planeja é ofertar um modelo de educação que não eduque de fato, uma educação “enlatada” e pronta nos moldes do que os inimigos do povo desejam para os filhos da classe trabalhadora. Não serão as tele aulas da fundação Roberto Marinho que irão melhorar por exemplo o IDEB, Índice de Desenvolvimento da Educação Básica do Estado do Pará.
Reduzir ou acabar com o tempo de interação entre alunos e professores só irá piorar a situação política do Povo Brasileiro, as televisões nunca substituirão a verdadeira educação libertadora que os professores levam a todo País. O Professor está muita além do transmissor do conhecimento, todo professor educa, e essa educação incomoda aqueles que não têm compromisso com a sociedade. Falta-se merenda nas escolas nas zonas rurais e ribeirinhas, não serão as tele aulas que irão esclarecer os alunos de que ali teremos uma negação ao seu direito constitucional.
Nós que atuamos no SOME somos os verdadeiros educadores libertadores que abre a mente dos filhos da classe trabalhadora, e não aceitaremos a nossa substituição por aparelhos que são verdadeiros propagadores de ideias que são contrárias as nossas demandas, neste sentido, reafirmamos nossa disposição para a Luta em Defesa do Maior do Norte!
Somos o SOME!
Thiago Barbosa é professor, vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil / CTB – Pará e coordenador Estadual de Educação de Campo e Ribeirinhos do Sindicato do Trabalhadores em Educação Pública do Pará (SINTEPP)
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