Ter conhecimento, ou ler diversas notícias sobre muitas coisas, não quer dizer que as pessoas entendam de política, ou seja, alguns dos doutores, escritores e pesquisadores mais renomados no mundo são completos analfabetos políticos. Pode-se ver isso em milhares de comentários nas redes sociais desses profissionais e cidadãos de bem exemplares, que escrevem absurdos em páginas da internet, completamente ignorantes sobre política, principalmente, sobre a política que favorece os mais pobres.
Daí surge um paralelo a isso, muito comum nos discursos de parte da esquerda que apoia a direita na forma de falar, tentando convencer o brasileiro que pouco acompanha politica a fundo. A confusão, por inocência ou falta de caráter, de que políticos são todos iguais, e então que o povo deve se manter longe do sistema político atual devido sua completa falência é o discurso mais utilizado hoje por esses grupos de esquerda. Simplificando, dizem que os trabalhadores e sociedade devem destruir tudo na administração pública para começar do zero uma estrutura do povo, para o povo, pois nada de bom vem da atual democracia.
Seria lindo se a resposta para a pergunta a seguir fosse positiva mas não é. A pergunta é: os trabalhadores, suas famílias, e a sociedade que está ao seu redor, estão prontos para executar agora a revolução? Se a resposta óbvia for não então está bem aí a fundamentação da maior mentira da década. A ideia do fora todos não vem da análise política do anseio popular. Pelo contrário, vem da completa falta de politização do povo!
Ideia essa nascida há muito tempo, da frase “futebol, religião e POLÍTICA não se discute”, e que gerou esse monstrengo que é o pensamento de que os trabalhadores e sociedade devem desejar se manter longe da política, porque nada presta na administração pública, que com todos os políticos iguais não há possibilidade de haver melhorias para o povo através da administração pública e que a solução passa por uma revolução agora que a população não se move para fazer pois exigiria o povo praticar ações e atitudes de enfrentamento. E é óbvio que um povo que tem conhecimento mas é despolitizado não vai ao enfrentamento rumo à revolução. As provas estão bem aí.
Ou seja, dizer que isso aí de deixar toda a estrutura da administração pública nas mãos da direita empresarial (toda mesmo pois quando o povo não liga mais para as eleições mais pessoas ruins são eleitas pelo voto despolitizado) nasce do pensamento de massa completamente despolitizado, que joga contra o próprio povo mais pobre. Se as pessoas realmente estivessem prontas para fazer a revolução aí sim seria o momento de abandonar a estrutura da administração pública mas as ruas mostram o completo inverso disso!
Então é inadmissível vermos grupos da esquerda apoiando a direita empresarial ao dizer ao povo que fique longe da política eleitoral e partidária. Pior ainda é que isso retorna contra essas mesmas pessoas, pois, a grande mídia não tem pena alguma de atacar esses mesmos grupos, descartando essa falsa esquerda depois de usar esses pensamentos contra a política. Aos trabalhadores, chamamos para que venham conhecer sobre política. Entrar de verdade nesse universo que não é simples como as pessoas imaginam. Diferente dos outros, queremos os trabalhadores politizados, e só dá pra fazer isso indo para dentro das organizações políticas, organizações de classe, partidos, acompanhando diversos materiais sobre politica e as votações no congresso. Somente desse jeito teremos um povo realmente politizado porque políticos e partidos não são todo iguais.
Wilson Araújo é diretor da Federação Interestadual de Trabalhadores e Trabalhadoras do Correios (Findect)