Trabalhadores sul-africanos querem derrotar o neoliberalismo

De Mandela à Zuma, a maior Central Sindical da África do Sul (Cosatu, na sigla em inglês) representa 3 milhões de trabalhadores e é uma organização política que mantém aliança com o partido Comunista Sul-Africano e com o Congresso a Nacional Africano (CNA). O economista Cris Matlhako, membro da Cosatu, veio ao Brasil para participar o Congresso da UIS – Serviço Público e Similares, que ocorrerá em Brasília, nos dias 28 e 29 de junho, e concedeu a seguinte entrevista ao Portal CTB:

A reunião da CTB com o dirigente da Cosatu foi marcada pela identidade classista, 
com Wagner Gomes presenteando Cris Matlhako com camiseta e boné da central.

Portal CTB – Qual o impacto da crise do capitalismo aos trabalhadores sul-africanos?

Cris Matlhako – A crise financeira internacional teve um grande impacto nas exportações dos produtos naturais, como ouro e diamante, provocando mais desemprego. Mas os trabalhadores firmaram um pacto com o governo Jacob Zuma e com setor privado para minimizar os efeitos da crise aos trabalhadores A reestatização de algumas empresas também está sendo fundamental na redução do desemprego, que é o principal impactos da crise financeira internacional.

Portal CTB – A Cosatu apóia o presidente Jacob Zuma?

Cris Matlhako – Há muitos anos a economia da África do Sul foi orientada pela visão neoliberal, favorecendo os países do hemisfério norte e ampliando a desigualdade social em todo continente. O novo presidente, Jacob Zuma, está revertendo o processo de privatizações e tem adotado políticas progressistas que a Cosatu apoia.

Portal CTB – Qual as consequências do neoliberalismo na África do Sul?

Cris Matlhako – O ex-presidente sul-africano, Thabo Mbeki, seguiu a política neoliberal de privatizações que causou o desemprego de mais de 23% dos trabalhadores, aumentando a pobreza, a exclusão social e enfraquecendo o movimento sindical. O governo Zuma não tem culpa dessa situação e a Cosatu, junto com outras forças progressistas estão atuando em conjunto com o governo para mudar a visão colonial voltada para a exportação dos nossos produtos naturais. Queremos superar a política neoliberal, apoiando o governo na reestatização das empresas privatizadas e e no fortalecimento do mercado interno para os fabricantes nacionais agreguerem valor aos produtos, aumentando as contratações no mercado de trabalho. Nós também atuamos para que os outros países do continente tenham a mesma visão para proteger as economias locais e favorecer o povo africano.

Portal CTB – Como os trabaladores brasileiros podem contribuir com os trabalhadores da África do Sul?

Cris Matlhako – Há muita familiaridade entre a África e o Brasil, não apenas pelo fato de seis países africanos falarem português, mas há uma conexão histórica entre o Brasil, a África e todo o continente americano. O povo africano contribuiu para a formação do Brasil e tem presença maarcantee na sua cultura Com o governo Lula há um maior estreitamento das relações bilaterais que tem propiciado a troca de experiências de políticas que podem melhorar a qualidade de vida do nosso povo. Os contatos governamentais e com os moviementos sociais são importantes para estreitar o relacionamento entre os trabalhadores do Brasil e sul-africanos, não só pelo fato do Brasil ter grande força política na América Latina e a África do Sul no continente, mas principalmente para que possamos lutar por um modelo de desenvolvimento com valorização do trabalho que atenda as necessidades dos nossos povos.

Portal CTB

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