A cantora e compositora Ana Cañas lançou no sábado (13) o clipe da música Respeita, em show no Centro Cultural São Paulo, na capital paulista. Participaram da gravação 86 mulheres, entre elas Maria da Penha (que deu nome à lei mais conhecida de repressão à violência contra as mulheres), Elza Soares, Julia Lemmertz e Maria Rita Kehl.
Num trecho da canção, Cañas diz:
“Violência por todo mundo
A todo minuto, por todas nós
Por essa voz
Que só quer paz
Por todo luto, nunca é demais
Desrespeitada, ignorada
Assediada, explorada
Mutilada, destratada
Reprimida, explorada
Mas a luz não se apaga”
A cantora paulista diz que escreveu essa música “a partir de uma dor pessoal, de uma história real que vivi. Sou vítima de assédio sexual e acredito que o debate, o diálogo e a troca de experiências similares joga luz a uma questão urgente, de violência, de opressão”.
Participaram também da gravação Monique Evelle, Laura Neiva, Preta Rara, Andréia Horta, Zélia Duncan, Nathália Dill, Sophie Charlotte, diversas rappers e mulheres anônimas, mas todas destacadas na luta contra a violência de gênero.
Assista o clipe de Respeita, de Ana Cañas:
Cañas agradece a todas afirmando “a vocês, manas, o meu amor, o meu respeito e a minha gratidão eterna. Levante real da união, juntas. Momento de dar o recado. Papo reto e muito sério. Levei 20 anos para escrever essa música. Levei 20 anos para entender que a força que emanamos do coração, com toda a nossa verdade, se transforma em luz e beleza”.
Ela diz ainda “que a dor se transmuta em amor”, no caso dela em muita arte que cria amor e brilha em nossas mentes e corações. “Uma canção que aborda diretamente a violência, o abuso, a humilhação e a agressão contra a mulher” ajuda na vida de quem sofre.
Porque o “silêncio deve ser quebrado. A não-denúncia favorece imensamente os agressores. E tamo aí. Tamo chegando. Na luta. No amor. Na consciência”, completa a artista.
Ela conta ainda que as participantes se emocionaram durante a gravação. “Algumas gritaram, se rebelaram, outras choraram. É uma mistura de sentimentos, todos muito verdadeiros e presentes. Pude perceber que essa é uma dor que todas nós carregamos, não importando a classe social, a idade ou a cor da pele”.
Por isso, Cañas finaliza a sua obra afirmando que:
“Digo o que sinto
Ninguém me cala
Ela vai, ela vem
Meu corpo, minha lei
Tô por aí, mas não tô à toa
Respeita, respeita
Respeita as mina porra”
Portal CTB – Marcos Aurélio Ruy com Huffpost Brasil, Catraca Live e site de Ana Cañas. Foto: Divulgação