No último sábado (3), Fidel Castro foi sepultado em Santiago de Cuba, após nove dias de luto e homenagens ao líder da Revolução Cubana. As cinzas de Fidel percorreram o país seguindo o mesmo trajeto feito pela Caravana da Liberdade após triunfo dos revolucionários sobre Fulgêncio Batista.
Durante todos estes dias, representantes do movimento social, chefes de Estado, líderes latino-americanos e mundiais e intelectuais de todo o mundo foram para a ilha caribenha prestar sua última homenagem a Fidel.
O vice-presidente da Federação Sindical Mundial (FSM), João Batista Lemos, conta em entrevista exclusiva ao Portal CTB que estava em Cuba na data do acontecimento e pode participar das atividades.
“Fui a Cuba acompanhado a delegação dos trabalhadores marítimos a convite de um dos vice-presidentes da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Severino Almeida, para mediar uma reunião com a Central dos Trabalhadores de Cuba (CTC), mas coincidiu com um momento histórico: a morte de Fidel”, lembra.
Batista esteve no ato que reuniu mais de dois milhões de pessoas na Praça da Revolução, em Havana, liderado pelo presidente cubano, Raúl Castro e com a participação de chefes de Estado de todos os continentes.
Emocionado, o sindicalista fala sobre a importância e a simbologia do líder. “[Fidel] Ele personalizou a luta dos povos por uma nova sociedade, sobretudo, aqui na América Latina. Todas as lutas progressistas e avançadas que ocorreram no mundo tiveram a participação solidária e militante da Revolução Cubana e de seu povo sobre o comando de Fidel Castro”, opina.
“Um país tão pequeno que não tem tantas riquezas materiais como o Brasil, mas é uma potência política ideológica revolucionária no mundo”, expressa Batista ao falar sobre o legado de Fidel.
Integração
Em relação à conjuntura internacional após o avanço das forças conservadoras no continente demostrada com a vitória de Mauricio Macri nas eleições argentinas e o golpe no Brasil, Batista acredita que é preciso intensificar o movimento social e político de massas com bandeiras que contrapõem o neoliberalismo.
“O processo de integração da América Latina soberana e solidária está sendo golpeado, por isso a melhor forma de homenagear Fidel é lutar para barrar o golpe no Brasil”, alerta.
Segundo ele, é preciso retomar a luta pelas reformas estruturais no Brasil. “O que Temer está fazendo é o contrário até na tendência mundial, abrindo o país para um programa ultraliberal com a flexibilização dos direitos trabalhistas, a desregulamentação do trabalho, com o objetivo de aumentar a exploração do povo. Onde vamos parar com isso? ”, questiona.
Ele denuncia ainda a entrega de setores estratégicos como a exploração do petróleo para o capital internacional. “Estão loteando nosso país, o pré-sal poderia ser nosso ponto de apoio para desenvolver o Brasil e fortalecer nossa educação e saúde”, alerta.
Resistência
Segundo o sindicalista neste cenário adverso para a classe trabalhadora mundial é preciso construir a unidade de ação e experiências como a Alternativa Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba) e o Encontro Sindical Nossa América (Esna) são exemplos disso.
“Quando o povo cubano grita “Fidel está aqui”, milhões gritaram “Yo soy Fidel”, nós somos Fidel”, conclui.
Juramento
Além do livro de condolências, a população também pode assinar um juramento (abaixo) no qual prometem dar continuidade ao legado do ex-presidente cubano.
Érika Ceconi – Portal CTB
Foto e vídeo: João Batista Lemos