A Argentina amanheceu de luto nessa quarta-feira (19). Convocadas pelas redes sociais, milhares de mulheres vestiram roupas pretas e, durante uma hora (das 13h às 14h), pararam suas atividades em uma greve simbólica contra o feminicidio, a violência de gênero e a discriminação contra a mulher no trabalho.
No final da tarde, uma multidão reuniu-se em frente ao Obelisco – cartão-postal de Buenos Aires – e marcharam com guarda-chuvas até a Praça de Maio, em frente ao palácio presidencial. A manifestação, convocada pelas redes sociais, é a terceira contra o feminicidio feita na Argentina. Dessa vez, as mulheres também fizeram greve e marcharam pela igualdade de direitos no mercado de trabalho.
“Fiquei sabendo da marcha pelo Facebook, mas me senti identificada porque tenho uma irmã que é vítima de abuso do marido”, disse Graciela Gonzalez. “Ela apanhou várias vezes e prestou depoimento na polícia. Se separou, mas continua ameaçada pelo ex-marido, sem qualquer proteção”.
O movimento teve solidariedade de outros países, com manifestações simultâneas no Uruguai, México, Bolívia, Chile, Nicarágua, Honduras, Porto Rico e Paris. Em São Paulo, um ato denunciando a violência contra a mulher está programado para hoje.
Vítima
A família de Lucía Perez durante a manifestação no país
O estopim do protesto foi Lucia Perez, de 16 anos. Ela foi violentamente estuprada, torturada e morta na cidade balneária de Mar del Plata. Após o crime, os assassinos lavaram, vestiram e levaram a vítima a um hospital, alegando que ela sofrera uma overdose. Com ferimentos profundos, os médicos já não conseguiram reanimá-la.
Na Argentina mais de 200 mulheres são assassinadas a cada ano, a maioria por seus parceiros ou ex-parceiros. Até agora, neste mês de outubro, foram cometidos 19 feminicídios, um a cada 23 horas, em média.
Portal CTB com Agência Brasil