O Fundo Monetário Internacional (FMI) avalia que os efeitos da crise financeira global sobre a América Latina são "amplos e severos", mas que a região conseguirá se recuperar da atual turbulência antes que os países ricos.
Essa é uma das principais conclusões do relatório "Regional Economic Outlook – Western Hemisphere" (Perspectiva Econômica Regional – Hemisfério Ocidental), divulgado pelo Fundo nesta quarta-feira.
"A mensagem que está partindo da América Latina é a de que a preparação através da adoção de políticas rende importante dividendos quando a situação no exterior se agrava", afirma o FMI.
Segundo o relatório, a América Latina "acumulou muitas fontes de força e resistência ao longo desta década", com seus países tendo "fortalecido suas situações fiscais e estruturado suas dívidas públicas, solidificado seus sistemas financeiros e sua regulamentação, reduzido expectativas de inflação e construído bases políticas com mais credibilidade".
O documento diz que Brasil, Colômbia, México e Peru são exemplos de países que adotaram medidas que resgataram a credibilidade de suas políticas econômicas, o que contribuiu para que eles contivessem os efeitos causados pelo colapso da instituição financeira americana Lehman Brothers, em setembro do ano passado.
O FMI acrescenta que "tais preparativos apontam para uma melhor perspectiva para a América Latina: enquanto os contágios (da crise financeira) fizeram com que a atividade econômica contraísse, uma retomada do crescimento é esperada ainda para 2009, à frente da recuperação das economias desenvolvidas".
As perspectivas de crescimento feitas pelo fundo para a região são bastante similares às formuladas no relatório anterior do FMI, o "World Economic Outlook", divulgado no último dia 22 de abril, durante a reunião de primavera do FMI e do Banco Mundial.
Crescimento em 2010
No documento divulgado nesta quarta, o Fundo estima que a América Latina e o Caribe deverão ter retração de 1,5% neste ano, mas que a região deverá crescer por volta de 1,5% em 2010.
No documento divulgado há poucos dias, o FMI não fez uma previsão para a América Latina como um todo, mas avaliou que o Produto Interno Bruto (PIB) da América do Sul mais o México sofreria uma retração na faixa de 1,6%.
Ainda que seja um número negativo, a estimativa para a América Latina é bem mais amena do que a projetada para os países ricos, que, de acordo com o FMI, sofrerão contração de 3,8%.
De acordo com o fundo, esse contraste se deve "à ausência de problemas bancários sistêmicos na região, que permitiriam à América Latina retomar o crescimento mais rapidamente do que em regiões onde ainda há severos problemas no setor financeiro".
O fundo reviu para baixo o crescimento americano para este ano, mas manteve a projeção relativa a 2010 – ambas feitas no "World Economic Outlook".
Segundo o FMI, os Estados Unidos deverão sofrer neste ano retração de 3%, taxa ainda inferior ao índice de 2,8% negativo que havia sido projetado no relatório anterior, e terão crescimento zero em 2010.
A despeito das previsões otimistas envolvendo a América Latina, o relatório afirma que a região está sendo, no entanto, atingida por várias frentes.
Entre os diversos choques a que a região está sujeita, o FMI cita "o declínio das condições internacionais de financiamento, uma queda da demanda por exportações provenientes da região, um severo declínio do comércio, remessas mais fracas e redução das perspectivas de turismo''.
Portal CTB – Com BBC Brasil