Milhares de pessoas saíram às ruas de Caracas (Venezuela) nesta quinta-feira (1º/9) em duas mobilizações distintas. Em uma delas, apoiadores do presidente Nicolás Maduro participaram de uma manifestação em defesa da “paz e da soberania”, enquanto a outra, intitulada “Tomada de Caracas”, pedia a realização do referendo que pode revogar o mandato do atual chefe de Estado.
A marcha em apoio a Maduro, convocada pelo próprio governo, partiu de vários pontos da capital venezuelana. No final do ato, em discurso, o mandatário elogiou a população e disse que iniciou-se uma “contraofensiva popular revolucionária de rua”.
“O povo não ficou em casa, saiu para as ruas, sempre o fará. Esse é um povo consciente e mobilizado sempre”, afirmou Maduro, que acrescentou que a tranquilidade e a paz “triunfaram” sobre “emboscadas a serem dissipadas”.
Segundo Maduro, seu governo derrotou uma tentativa de golpe de Estado após capturar paramilitares colombianos e dirigentes opositores que supostamente planejavam realizar uma “emboscada violenta e fascista” em Caracas.
Maduro disse que os 92 paramilitares colombianos detidos mantinham um acampamento na região de Manicomio, ao norte de Caracas e próxima ao Palácio de Miraflores, e acusou a oposição venezuelana de ter conhecimento sobre o fato.
Além dos paramilitares, foram detidos vários dirigentes opositores, dias antes da mobilização convocada pela oposição nesta quinta. De acordo com Maduro, os “dirigentes da direita golpista” foram presos por terem “planos para colocar bombas” e assim “atacar sua própria gente”.
‘Tomada de Caracas’
Já os manifestantes da “Tomada de Caracas”, convocada pela MUD (Mesa da Unidade Democrática), que reúne partidos de oposição a Maduro, reivindicam que o Poder Eleitoral fixe uma data para a realização do referendo revogatório.
“O que ocorreu hoje na Venezuela não tem precedentes: isso é uma épica cidadã, isso é uma epopeia cívica, isso é história pátria”, afirmou o secretário executivo da MUD, Jesús Torrealba, em referência ao ato.
Segundo ele, a manifestação desta quinta foi apenas o princípio de uma “jornada de lutas que seguirá até conseguirmos o referendo revogatório”. No fim da mobilização, a MUD anunciou que fará novas atividades de protesto contra o governo, dentre as quais a “Tomada da Venezuela”, que deverá consistir de um protesto de 24 horas de duração.
A MUD aguarda que o CNE informe quando poderá se iniciar a próxima etapa do processo, que consiste em coletar, durante três dias, assinaturas e impressões digitais do equivalente a 20% do registro eleitoral do país (3.959.560 eleitores).
De acordo com Torrealba, o ato será convocado no dia seguinte à data fixada pelo Poder Eleitoral da Venezuela para o início desta etapa.
Segundo a Constituição venezuelana, caso ocorra um referendo a partir de janeiro de 2017 e com resultado favorável à saída de Maduro, quem assume é o atual vice-presidente, Aristóbulo Istúriz (PSUV), sem que sejam convocadas novas eleições presidenciais. Por essa razão, a oposição tem interesse em acelerar o processo.
Opera Mundi