A elite brasileira, “honrando” sua tradição reacionária, constituiu um consórcio parlamentar-jurídico-midiático e mais uma vez utiliza-se de um golpe para interromper um ciclo político progressista no país. Repetindo a tática que fizeram há 62 anos*, hoje alvejam o projeto eleito em 2002 e vitimam atualmente a legítima presidenta Dilma Rousseff. No curso desse ambiente, os resultados das eleições municipais deste ano poderão favorecer ou não esse retrocesso.
O foco atual dessa gente é institucionalizar o golpe, afastando e criminalizando o núcleo da esquerda brasileira, e a partir disso, trapaceado o voto popular, retomar seus objetivos programáticos: reconduzir a política externa a uma condição subalterna aos grandes centros, fragilizar o Estado nacional com um programa ultraliberal privatizante e desfigurar a constituição e a CLT atacando os direitos trabalhistas e sociais do nosso povo.
Tais forças instalaram a conflagração política no país e esta tende a ser contínua, tensa e renhida. Os movimentos sociais e democráticos, um importante polo de resistência, vêm cumprindo um destacado protagonismo, no entanto, ainda insuficiente para alterar, sozinho, a atual correlação de forças no Brasil. Fazem-se necessárias, nessa etapa, táticas amplas que possibilitem novos acúmulos políticos. A vitória das forças democráticas e populares nas eleições deste ano preenche uma dessas necessidades.
Portanto, deriva desse quadro a importância dessas eleições municipais, pois além de permitirem que elejamos vereadores e prefeitos comprometidos com cidades inclusivas, humanas e democráticas, a sua resultante poderá fortalecer o lado progressista do tabuleiro político nacional. Será um feito para a resistência, como também de acumulação, inclusive para as eleições presidenciais de 2018.
Diante disso, o sindicalismo classista brasileiro, que já enfrenta essa perversa agenda golpista e anti-laboral, deve assumir também essa batalha, pois sabe que uma vitória de nosso campo político criará melhores condições para a nossa resistência. Com isso respondo à pergunta do título afirmando: Tudo, pois temos lado!
Em todo o país precisamos disputar e identificar, à luz da realidade concreta de nossos inúmeros municípios, projetos que possam dar perspectivas à uma correlação de forças mais favorável à classe trabalhadora do Brasil.
O ceticismo, estrategicamente insuflado pelo sistema midiático partidarizado, não pode intimidar a capacidade multiplicadora de nossa ação política.
Firmes na luta e mãos à obra!
Divanilton Pereira é membro do Comitê Central do PCdoB; diretor do Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande do Norte; da Federação Única dos Petroleiros e Secretário de Relações Internacionais da Central dos Trabalhadores e trabalhadoras do Brasil (CTB)
*Em 24 de agosto de 1950 Getúlio Vargas foi levado ao suicídio