O fotógrafo Sérgio Silva levou um tiro de bala de borracha trabalhando na cobertura de um protesto em 13 de junho de 2013 na capital paulista. Ele perdeu o olho esquerdo e entrou com uma ação na Justiça por indenização.
Nesse dia outros 15 jornalistas também foram feridos na repressão policial. Mas o comandante Benedito Meira achou que os ferimentos em jornalistas aconteceram por causa dos “riscos da profissão” e julgou a ação da Polícia Militar normal.
O juiz Olavo Zampol Júnior, da 10ª Vara da Fazenda Pública, foi ainda mais longe. Para ele, “ao se colocar entre os manifestantes e a polícia, permanecendo em linha de tiro” ele “assumiu o risco de ser alvejado por alguns dos grupos em confronto (polícia e manifestantes)”.
Para o secretário de Políticas Sociais da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Carlos Rogério Nunes, essa é “mais uma decisão equivocada da Justiça, porque o fotógrafo estava trabalhando, além de que a PM foi truculenta na ação”.
Era uma das manifestações do que ficou conhecido como a Jornada de Junho, contra o aumento das tarifas no transporte público. Na repressão policial foram usadas balas de borracha contra os manifestantes, além de spray de pimenta e gás de efeito moral.
A partir do acidente, Silva tornou-se ativista de campanhas contra a violência policial. Chegou a entregar uma petição ao secretário de Segurança Pública do estado de São Paulo, Fernando Grella Vieira pedindo a proibição do uso de bombas de efeito moral e balas de borracha em manifestações.
Inclusive a Anistia Internacional já cobrou da Justiça o reparo ao fotógrafo, que deve recorrer da decisão da primeira instância. “A Justiça não pode agir às cegas, tem que compreender a natureza do trabalho jornalístico e manifestações pacíficas não podem ser reprimidas numa democracia”, conclui Nunes.
Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB com agências