A nadadora pernambucana Joanna Maranhão volta a ser alvo de polêmica. Após não conseguir classificação em competição de natação nas Olimpíadas Rio 2016, choveram ataques à atleta pelas redes sociais.
No ano passado, pouco antes de partir para as competições do Pan-americano, Maranhão gravou um vídeo em resposta aos deputados ultraconservadores que defendem a redução da maioridade penal e a retirada de conquistas das mulheres. Atacou também as posições racistas e homofóbicas de Eduardo Cunha e Jair Bolsonaro. No vídeo, dispensou a torcida deles na disputa do Pan (saiba mais aqui).
A partir dessa manifestação, ela passou a ser perseguida por setores reacionários da sociedade. Circulando pelas ciclovias paulistanas, ao ver um carro estacionado em cima da ciclovia, reclamou e recebeu ofensa (leia aqui) igual à desferida contra Letícia Sabatella em Curitiba.
Os ataques mais recentes contra a atleta olímpica, de 29 anos, aconteceram após ela não obter classificação para continuar a disputada por medalhas da Rio 2016. “Nem todo mundo compreende a grandiosidade e a competitividade de uma olimpíada”, diz Maranhão.
“Treinei muito para ser a melhor nadadora do Brasil e não sucumbir à minha depressão, e de repente as pessoas me questionando, questionando minha história”, afirma. Com razão ela diz que “o Brasil é um país muito racista, muito machista, muito homofóbico”.
Assista a entrevista da atleta ao canal pago SporTV
Maranhão se solidariza com seus colegas do judô que perderam. Ela cita o caso de Rafaela Silva que foi chamada de “macaca”, por ser negra, em 2012, após perder (leia mais aqui).
“Rafaela é uma menina de origem pobre, que teve assistência de programas sociais, e muitas pessoas querem que isso acabe. É paradoxal”, reforça.
Para ela, seria natural as pessoas criticarem a suja atuação no esporte, mas “desejar que eu seja estuprada, que a minha mãe morra, que um bandido me mate”, argumenta, “acho que isso ultrapassa “ os limites da civilidade.
Ela afirma que o possível dinheiro arrecadado com as ações judiciais reverterão para a sua ONG Infância Livre, que cuida de crianças que sofreram abuso sexual em Recife (saiba mais aqui).
“As pessoas se sentem seguras por estarem por trás de um computador”, mas ela conta que armazenou todos os xingamentos e encaminhou para a Justiça, porque ao partirem “para a história da minha infância” para o “desrespeito com as mulheres” e “pelo fato de eu ser nordestina” aí “vou ter que tomar medidas jurídicas”.
Portal CTB – Marcos Aurélio Ruy