Após a desocupação violenta do Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, o ministro interino, Marcelo Calero, iniciou um desmonte do Ministério da Cultura (Minc) com a exoneração de 81 servidores.
Mas o governo golpista começa a se dar mal mais uma vez. O movimento Ocupa Minc RJ se fortalece e resiste nas ruas. “A Ocupa Minc RJ não acabou e nunca acabará. O muro da vergonha não nos expulsou do Palácio Gustavo Capanema. Ele nos projetou para o mundo. A reunião de afetos, sonhos, potências e coragens, que conviveram nesses 73 dias sob a pauta ‘Fora Temer’, pariu ideias que, sabemos, são imortais”, dizem os artistas do movimento”.
Quanto ao desmonte do ministério, vários dirigentes de vários órgãos ligados ao Minc atacam essa decisão arbitrária e inconsequente. “Não puderam extinguir o ministério, então agora estão destruindo ele por dentro. Estão tirando a capacidade do ministério de realizar suas políticas, programas e ações”, diz o ex-ministro da Cultura, Juca Ferreira.
“Por trás de uma medida aparentemente ‘moralizadora’ está o objetivo de diminuir a estrutura. A economia é ridícula no conjunto, mas fatal para a realização das políticas. Pode-se ou não chamar isso de desmonte, mas na prática isso diminui a capacidade do ministério de entregar políticas eficazes para a população”, afirma João Brant, ex-secretário-executivo do Minc.
Para Ferreira, “a resistência na cultura hoje tende a aumentar por essas atitudes arbitrárias e pouco respeitosas do ministro interino. Se for isso, vai fracassar. Cada dia mais o governo isola uma dimensão importante do Brasil, que é sua cultura, sua dimensão simbólica”.
Já os participantes do Ocupa Minc RJ reafirmam a decisão de manter a luta em defesa da cultura brasileira. “O espírito ainda vibra e com todas as suas forças se mantém pulsante. A mordaça aperta, mas a voz não emudece – nosso grito de resistência ecoa em todos os cantos”.
Assista depoimento do ator Alceu Vieira
Celina Arêas, secretária de Formação e Cultura da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, defende uma atuação mais forte das centrais sindicais em defesa da cultura.
“Não podemos aceitar esse desmonte dos programas que elevaram o patamar da produção cultural no país nos últimos anos”, acentua. “O movimento sindical precisa entender que sem cultura não somos nada, nem uma nação”. Ela questiona as ações dos golpistas e diz: “será que voltaremos ao nível do governo Collor, quando a cultura chegou a quase zero?”
Portal CTB – Marcos Aurélio Ruy